Na passarela: de(novo)

Mudam as cores, tamanhos e estações, mas a essência é a mesma.

Junia Teixeira e Laíze Souza

Comprei uma sapatilha moderníssima. Flocada, preta, de botões, cara, de marca famosa e fui dar minha primeira voltinha. Visita básica na casa da mamãe. Chegando lá fiz questão de mostrar minha nova aquisição. – Mãe! Meu guarda-roupa tá estiloso. Olha minha sapatilha nova... 

Ela olhou meus pés de maneira pensativa. Me olhou nos olhos, fez uma cara não muito feliz, e declarou: - Engraçado, minha avó usava uma tão parecida.

- O quê? Disse eu em tom de protesto. – Essa é uma sapatilha da moda, século XXI, ano 2009, lançamento outono-inverno. Acabou de chegar na loja. Como assim sua avó tinha uma?

- Eu já disse. Essa moda é ridícula. As coisas sempre voltam. O que eu usei até cansar há trinta anos, hoje vocês dizem que é lançamento. Esse povo não tem criatividade, realmente não existe mais nada pra se inventar. Até Salomão já dizia: - Não há nada novo debaixo do sol.

E assim, tá tudo de(novo) na passarela. Ninguém pode garantir que algo realmente foi inventado, que é novidade, que a moda revolucionou mais uma vez. Mentira pura. O que muda é a cor, a estampa, alarga um pouquinho, aperta um tiquinho. Corta daqui, emenda dali, mas novo mesmo... nada.

All Star, desde 1921, e tem adolescente achando que tá na última moda. Tomara-que-caia, desde 1946 e os estilistas anunciam 2010 como ano do modelito. O Jeans, “pão nosso de cada dia”, não sai das vitrines nem do gosto popular, desde 1980, década de sue auge. 

Tira salto (1980). Aumenta o salto (1930). Bota de cano curto com dedos de fora (72 d. C.). Bota de cano longo, mais moderninha. Supermoderno, só que desde 1980, junto com calça fuseaux, moletom, pregas, cintura marcada.

Franjas não foram inventada pela atriz Aline Morais para a Sílvia de “Duas Caras”. Em 1963 já era sucesso. Reflexos: 1950. Adolescentes de 2009 não lançaram o rastafári, pois o penteado já e usado desde 1979.

Agora, cortes curtos, mechas marcadas, cabelos lisos e sem volume, com várias cores: 1998. Brincadeira. Moda são os cabelos cacheados, desde 1947. Óculos grandes, armações coloridas, lentes degradê, haste de plástico, desde 1960.

A verdade é a seguinte: não tente estar na última moda. Basta estar nela e, principalmente, ter seu estilo. Aproveite o “vai-e-vem” da passarela para guardar alguns acessórios que daqui a uns 10 anos você poderá usar de novo. Monte seu guarda-roupa de acordo com sua personalidade e não queira acompanhar tendências que não combinam com você. Não exagere nos lançamentos e no estilo “moderninho”, pois como disse minha mãe: – minha avó já usou. E certamente a sua também.

 

 

 

A moda se recicla on Dipity.

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