Wai’á Rini – O poder do sonho

25-04-2011 19:58

Entre Os Xavante, mais do que filmar um ritual, o filme é, ele mesmo, um ritual

Por Roberto Romero - JRN7B

robertoromerojr@hotmail.com 

 

 

Wai’á Rini – O poder do sonho (2001) documenta a realização de um ritual Xavante de iniciação dos jovens na vida espiritual e no contato com as forças “sobrenaturais”. No filme, o diretor Divino Tserewahú inicia um diálogo com seu pai, que é um dos que comanda o ritual, para poder saber o que será autorizado filmar nesta festa secreta e exclusiva dos homens, no decorrer da qual os iniciados devem enfrentar uma série de provações. O ritual acontece a cada 15 anos e, após o seu término, os adultos tornam-se curadores, cantadores ou intérpretes de sonhos conforme a determinação dos espíritos. Entre Os Xavante, mais do que filmar um ritual, o filme é, ele mesmo, um ritual.

 

Os Xavante constituem cerca de 13.000 pessoas abrigadas em diversas Terras Indígenas que constituem parte do seu antigo território no estado do Mato Grosso. Localizadas em meio a um conjunto de bacias hidrográficas responsáveis pela rica biodiversidade regional essa região vem sofrendo impactos ambientais irreversíveis desde a década de 1960 devido à sua ocupação pela agropecuária extensiva e pela produção de soja.

 
Ouça crítica em podcast: 
 

Crítica Roberto Romero

 

A imagem de índios nus, pintados, usando cocares, arcos e flechas, vivendo em "comunhão com a natureza" corresponde mais a uma ilusão romântica dos brancos do que ao modo como os próprios índios se querem retratados. Sabemos que na História do Brasil - aquela que se inaugura a partir do "descobrimento" - os índios costumam ser congelados em seu passado, que é também fruto dessa mesma ilusão dos brancos. Desse modo, todos aqueles que não correspondem a esse ideal romântico do que é ser índio, são relegados à categoria de ex-índios, ou índios "aculturados". Ora, não é preciso muita imaginação para supor que, do ponto de vista dos índios, essa história é completamente diferente. Isso porque, na maioria das vezes, eles não reivindicam para si o lugar de "vítimas". São, todo o tempo, sujeitos e agentes dos processos de transformação que vivem. 

 

Desde a década de 1990, após ter participado de oficinas do projeto Vídeo nas Aldeias, Divino tem se dedicado à realização de filmes, a maioria deles sobre rituais que marcam o ciclo de vida dos Xavante. Tserewahú também participou da equipe do “Programa de Índio”, exibido na televisão em 1995. Divino realizou outros documentários como Daritidzé, Aprendiz de Curador (2003) e PI’ÕNHITSI, Mulheres Xavante sem Nome (2009).

 

Ficha Técnica:

Duração: 48 min.

Ano: 2001 

Região: Mato Grosso 

Línguas: Português

Legendas: Português, Inglês, Espanhol

Cor: colorido

Som: estéreo

Formato de tela: 4/3


Prêmios:

Prêmio Nacionalidade KICHWA, IV Festival Continental de Cinema e Vídeo das Primeiras Nações de ABYA YALA, Equador, 2001

Prêmio Anaconda no ANACONDA 2002, Bolívia

 

SAIBA MAIS:

Vídeo Nas Aldeias

Instituto Catitu - Aldeia em Cena

Forumdoc.bh  

 

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Tópico: Wai’á Rini – O poder do sonho

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