Vergonha eleitoral

04-11-2010 20:13

Por Caio Araujo*
(7º período - jornalismo UNI-BH)
caio.jrn@gmail.com

 

 

Como afirmou George Orwell, a função do jornalista é publicar tudo que não querem que seja revelado, todo o resto é publicidade. Essa premissa não tem sido aplicada durante o modorrento período eleitoral que, de forma alguma, mudou ou convenceu-me a tomar como meu um dos inexpressivos candidatos a quaisquer que sejam os cargos. Esse vai e vem de discursos feitos, frases de efeito e comparações fajutas me fazem crer que debates eleitorais nada mais são que embustes de velhas virgens contando vantagem sobre sua inexistente experiência.

 

O embate de presidenciáveis poderia ter sido muito mais saudável. Contudo, em 2010, foram confrontados modelos defasados de governos já colocados em prática nos últimos 16 anos. Vimos o neoliberalismo latifundiário do PSDB contra o populismo "pai de todos" do PT. Correndo por fora, surge o ambientalismo utópico de Marina e o radicalismo da época da Revolução Russa de Plínio.

 

O governo se saiu bem em três grandes desafios, e isso é mérito dos presidentes. Todavia, quem assume a conta ainda é a população. Tivemos incontáveis altas de inflação ou juros, desvalorização da moeda e, agora, que deveríamos ter um novo governo integrado e preocupado em reformar a tributação do país, assim como alinhar os interesses da população com o de seus representantes, vimos debates pífios e palhaços eleitos.

 

Há coisas que acontecem apenas no Brasil: um deputado sob júdice recebe 1,3 milhão de votos e elege outros pouco votados. Um presidente retirado do cargo chefia o senado e disputa tranquilamente o governo de um estado. E toda essa pataquada, de que as eleições de 2010, com o Twitter e demais redes sociais seriam as votações da liberdade, do debate aberto, da discussão efetiva e irrestrita, do voto consciente, do "Ficha Limpa", não se efetivou.

 

Enquanto os presidenciáveis grasniam o "meu partido fez" ou o "vou continuar e melhorar", entregavam discursos de campanha como projetos de governo. Infelizmente, faço das minhas as palavras do estadista britânico, Winston Churchill, quando afirma que "a democracia é o pior sistema político, com a exceção de todos os outros".

 

* Caio Araujo é estudante do 7º período de jornalismo no Centro Universitário de Belo Horizonte.

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