Uma parceria inusitada

Felipe Botrel dos Santos- JRM7

O lançamento do álbum Lulu, parceria entre a banda de heavy metal Metallica e o vocalista Lou Reed, no ano passado, foi muito aguardado pelos fãs de ambos e com opiniões divididas. Muitos aguardavam um grande disco. Outros, um completo fracasso.

É importante lembrar que esse disco só nasceu, pois Lou Reed ficou empolgado em tocar com o Metallica no Rock and Roll Hall of Fame em 2009. Segundo, esse é um álbum conceitual baseado em duas do dramaturgo expressionista alemão Frank Wededkind, com suas obras: “O Espírito da Terra” (1985) e “ A Caixa de Pandora” (1904). É importante frisar que o disco é dividido em dois atos, na primeira parte é mostrado toda a história que guia a personagem Lulu pelo mundo com crises, amor, ódio e etc. Já no segundo disco é mostrado o lado do amante da personagem e tudo que passa envolta dos acontecimentos.

O interessante das letras do disco é que elas não são cantadas, mas sim recitadas por Lou Reed nas 10 faixas (divididas em dois atos, como em uma peça de teatro). Em meio as histórias, James Hetfield e cia, brindam os ouvintes com uma música de fundo alinhada e de peso característico da banda. Cada situação descrita por Reed tem seu clima ditado pelo acompanhamento musical. As faixas do disco devem ser ouvidas na seqüência, para que a história seja compreendida perfeitamente.

A faixa que mais se destaca dessa parceria, “Pumping Blood”. A música mostra o lado sado masoquista de Lulu com seu amante Jack (The Ripper), com ela suplicando para ser violentada sem dó nem piedade. A faixa abre com alguns violinos e com o bumbo da bateria, dando a impressão de “bombear” sangue. Essa faixa é uma típica música do Metallica que caberia bem em qualquer um dos recentes álbuns lançados, principalmente o último “Death Magnetic” (2008). Outra faixa também que chama a atenção é a última faixa “Junior Dad”, uma longa faixa de 19 minutos que volta a mostrar a história sobre o olhar feminino, o andamento mais lento da música é o ideal para que a interpretação de Lou Reed se destaque. Um novo riff ao final do segundo minuto lembra um pouco a fase Load / Reload novamente. Realmente é uma faixa bem emocionante para o fechamento do disco, com uma orquestração muito bonita.

É claro que esse é um disco para quem gosta de  experimentações e principalmente para os fãs de Lou Reed que irão curtir o que foi feito nesse álbum. Já os fãs de Metallica não irão gostar nenhum pouco do que foi feito. E provavelmente ignoraram esse disco e continuaram escutando discos como “Ride The Lightning” e “Master Of Puppets”.

OUÇA A CRÍTICA EM PODCAST:

Curiosidades:

Colocado para fora do Metallica no início dos anos 80, até hoje o líder do Megadeth, Dave Mustaine, lamenta que o grupo dele não seja “tão grande” quanto o Metallica. Mas, agora, Mustaine tem do que se orgulhar. É que o novo álbum do Megadeth, “Th1rt3en”, vendeu 42 mil cópias na semana de lançamento, nos Estados Unidos, contra apenas 13 mil de “Lulu”, o álbum colaborativo feito entre Metallica e Lou Reed. Os números colocam o Megadeth em 11° lugar, e o Metallica em apenas 36°.

Banda: Lou Reed & Metallica;

Lançamento: 1 de Novembro;

Duração: 87: 04;

Gravadoras: Warner Bros/ Vertigo;

Gravação: Abril/ Junho de 2011 HQ em São Rafael, Califórnia. Mixado no Sunset Sound em Los Angeles, Califórnia;

Produção:  Metallica, Lou Reed, Greg Fidelman e Hall Willner;

Formato: 2 CD;

Faixas: Todas as letras escritas por Lou Reed, todas compostas por Lou Reed e Metallica.

SAIBA MAIS:

- www.metallica.com/

- www.loureed.com/split/