Sâmbero

28-04-2011 00:28

Primeiro CD da carreira de Mestre Jonas promove releitura de afro-sambas e apresenta o Aglomerado da Serra como palco principal de sua criação

 

Lucas Alvarenga - JRM7B

fernandesalvarenga@gmail.com

 

"Segura o touro, Cambina/ Amarra no mourão". Um ponto de preta-velha abre o Sâmbero, de Mestre Jonas, seu disco de estreia. Ao resgatar Mãe Cambina, entidade Umbanda, espírito de uma negra do tempo das senzalas, o compositor nascido e criado no Aglomerado da Serra apresenta seu "primogênito". Uma auto-análise sobre a trajetória de uma das novas expressões da música negra em Belo Horizonte.

 

Sem a intenção de se limitar ao samba, gênero que o persegue, Mestre Jonas lança uma obra viril sob o ponto de vista composicional e melódico, além de religiosa e afro-descendente. Uma releitura regional do LP Afro-Sambas (1966), de Baden Powell e Vinícius de Moraes, inspirada em outro disco, Sambas de Roda e Candomblés da Bahia (1962), do baiano Gilberto Gil.

 

A expressão firme de um negro a recordar suas origens dá o tom das 11 faixas do disco e se apresenta logo na capa, onde uma gravura resgata o estilo do alemão Rugendas de registrar os fatos do Brasil Colônia. Do tocador, o som confirma as suspeitas. Zuelas, maracatus, congados, folias, baiões e sambas.

 

Aliás, Sâmbero sugere uma negativa ao gênero boêmio da urbe carioca. Para os paulistas, o título é atribuído a “quem está no samba”. Uma curiosa contradição ao termo. Tanto por Jonas ter sua carreira fundada no samba, quanto pelo fato de o álbum apresentar batuques intimistas, por influencia de sua levada jazzística. Algo próximo de canções como Canto de Ossanha, do LP de Vinícius e Baden. 

 

Movido pelas histórias do Aglomerado da Serra, Mestre Jonas promove Bacuri Ri - Entre a cruz e o calibre. Uma narrativa sobre um menino que, apesar de valente, morre de forma vil na Sexta-feira da Paixão, como dito no verso “Foi mais um acerto de contas”.

 

 

Elemento inseparável à história de Minas Gerais, a religiosidade sustenta as poesias de Sambêro. Cantadas, em sua maioria, com intenso jogo percussivo, composto por tamborins, agogôs, berimbau, moringa e caixas de folia. Lembranças dos cânticos vindos das senzalas, que tanto incomodavam os senhores cristãos.

 

Rodeado de amigos, dentre eles Makely Ka, Dudu Nicácio, João Antunes e Tadeu Morais, Mestre Jonas espera se afirmar de vez entre uma geração de talentos que compõem a atual cena musical popular mineira. Seja por suas letras, envoltas de realidade, ginga e fé. Seja pela variação rítmica e a escala de tons imprimida pelas participações de Sérgio Pererê, Miguel dos Anjos, Sílvia Gommes, Leonora Weissmann, Carolina Araújo e Titane.

 

Ouça a crítica sobre o CD abaixo:

 

 

    

FICHA TÉCNICA:    

 

País: Brasil

Ano: 2010

Duração: 54’10’’

Produção e Direção Musical: Mestre Jonas, Rafael Martini, João Antunes e Pedro Santana

Arranjos: Rafael Martini, João Antunes, Pedro Santana e Mateus Bahiense

Mixagem: Estúdio Via Sonora por Demerval Filho e João Antunes

Assistência: Rafael Martini e Mestre Jonas

Pinturas: Leonora Weissmann

Selo: + Brasil Publishing

 

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Tópico: Sâmbero

Data: 15-05-2011

De: Lorena

Assunto: Correção

Muito bom, Lucas.

Vamos publicar também no Impressão Online.

Lorena

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