Rodovia da morte e da burocracia

27-10-2011 20:07

Apesar da urgência, obras demoram a sair do papel

 

Por Camila Falabela, João Paulo Vale e Júnior Moreira

 

A BR 381 é uma das rodovias mais movimentadas do país, mas é entre Belo Horizonte e Governador Valadares que mora o perigo. O trecho, de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), recebeu o apelido de “Rodovia da Morte”. Não era pra menos. Os dados de acidentes no local fazem jus ao apelido. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o trecho da BR-381, que tem cerca de 390 km e 500 curvas, registrou um aumento de 37% no número de vítimas fatais em acidentes, em 2010 na comparação ao ano anterior.

 

Os dados da PRF e do DNIT apontam que 111 pessoas perderam a vida em acidentes registrados no trecho no ano passado, contra 81 vítimas fatais em 2009. E os números de acidentes continuam cada dia mais elevados. Ao longo de todo o percurso, é possível ver as marcas desses desastres. São aproximadamente 200 cruzes, colocadas principalmente em trechos com curvas.
 

As próprias autoridades reconhecem que a BR necessita de uma reforma em caráter de urgência, mas as obras esbarram na burocracia brasileira. O engenheiro, representante do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Carlos Rogério Caldeira de Lima participou da audiência pública sobre a rodovia, realizada em Coronel Fabriciano, onde falou da situação precária das estradas do País e anunciou que ainda serão necessários de cinco a seis anos para a conclusão de todo o empreendimento previsto para o trecho da BR-381. Mas não é somente a BR 381 que precisa de socorro. Em entrevista ao portal Uai, Lima disse que "toda a malha brasileira está sob risco. São obras velhas e há 20 anos sem manutenção, uma combinação explosiva".


O Ministério dos Transportes anunciou no final de agosto que as obras devem ser licitadas até o final de 2011. Segundo o DNIT, o projeto prevê a eliminação de algumas curvas e ampliação de outras, de 100m para 230m. Trechos de descidas e subidas serão reduzidos, além da construção de pontes e viadutos o que permite um aumento da velocidade média nesses pontos e maior segurança para os condutores.

 


Visualizar BR 381 - Maiores índices de acidentes em um mapa maior

 

A falta de datas confirmadas pelo órgão para o lançamento do edital, a obrigatoriedade de respeitar os prazos mínimos definidos na lei e as dificuldades em iniciar obras durante períodos chuvosos são apontadas por especialistas como evidências de que a obra não começa a sair do papel nos próximos seis meses.

 

A estimativa de orçamento para a primeira etapa da obra é de R$ 770 milhões. O projeto prevê uma reformulação inteira na rodovia, com redução de aclives e a redução de curvas na estrada. O valor total da obra está orçado em cerca de R$ 4 bilhões de reais e a previsão é que a rodovia seja restaurada até 2016.

 

Basta saber, se realmente as obras vão sair do papel ou será apenas mais uma promessa que não se cumprirá. Enquanto não é feita a revitalização do trecho, muitas pessoas continuarão perdendo a vida, em uma rodovia com um traçado ultrapassado, mal sinalizada e com péssimas condições do asfalto.

 

Saiba mais:

-Movimento SOS Rodovias Federais

-Mapas e Fotos da BR-381

-Site sobre as obras de duplicação da rodovia

 

 

 

 

 

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