Redes sociais: o sentido amplo da palavra “democracia”

17-03-2011 19:30

Por André Martins
 

A revolução tecnológica é algo sem precedentes na história mundial. Desde o surgimento da internet, tanto a técnica, atrelada à máquina, como as relações interpessoais passaram por redefinições.

 

É interessante sinalizar, entretanto, que, assim como Evandro de Assis expõe em Jornalismo e a mídia social: desafios profissionais na comunicação aberta ao público, a tecnologia não se desenvolve por si só, sem pretensões. Essa reconfiguração só foi possível mediante uma demanda, à necessidade humana de aperfeiçoamento da técnica visando a eficiência dos procedimentos.

 

Em uma perspectiva histórica, as mídias analógicas bem como as digitais têm uma importância indelével para a historiografia mundial. Mesmo marcadas pela precariedade (caso das fitas cassete, exemplo) ou pela engenhosidade dos dispositivos das redes sociais, em inegável evidência no século XXI; essas foram diferentes ferramentas através das quais os indivíduos podiam se expressar divulgando informações e pontos de vista. Um fenômeno universal que caminha lado a lado ao desenvolvimento das ferramentas de comunicação.

 

Aqui cabe uma reflexão. Enquanto a técnica passava por reformulações, a ideia de democracia ganhava e ainda continua ganhando novos contornos ao redor do mundo. Exemplo disso é o avassalador reflexo do Twitter, Facebook, Youtube, dentre outras redes em sociedades culturalmente fechadas, onde vigora o controle e rigor estatal. Mesmo por meio dos mecanismos de censura, parar os internautas modernos e insatisfeitos não parece ser tarefa das mais fáceis, principalmente quando o que motiva homem é a luta contra a opressão e a busca pelo desejo primário e vital de ser livre.

 

Retornando à problematização das redes sociais, é notório que as mesmas vêm redefinindo os relacionamentos e o “modelo” do que podemos chamar de consumidores de informação. Teorias ultrapassadas como a hipodérmica da escola americana cada vez mais se chocam com a realidade atual, em que o internauta não é mais um coadjuvante no processo de comunicação, recebendo “goela abaixo” o que os formadores de opinião disponibilizavam por meio das mídias com pequeno ou praticamente inexistente grau de interatividade. A plataforma online e seus diversos recursos vêm tornando os internautas, realmente indivíduos, no sentido estrito da palavra. Indivíduos que hoje possuem voz e vez. São sujeitos ativos no processo de diálogo social e comunicacional. É importante observar que o público se tornou o maior termômetro para os veículos de comunicação, sendo preciso agradar à essa clientela cada dia mais exigente, que quer informação, nos mais diferentes formatos e apresentações.

 

Além de proporcionar interatividade, a internet veio para democratizar a informação e fazer dos internautas, produtores de conteúdo. As potencialidades presentes na web são diversas. Blogueiros, twitteiros e afins têm a oportunidade de configurarem as informações disponíveis ou produzidas como lhes aprouver. Ao final do primeiro capítulo da obra, Assis lança uma questão que sempre é discutida por profissionais da área: “A instantaneidade da informação é cada vez mais impressionante. Dessa forma, como o jornalismo tradicional sobreviverá à revolução das redes sociais e à necessidade de dar conta de uma realidade cada dia mais veloz?”, a resposta está na adaptação. O jornalismo impresso, exemplo, provavelmente não morrerá, pois existe público para tal. A certeza reside na mudança, na reconfiguração de seu modelo, seguindo o bom exemplo das inovadoras comunidades e redes virtuais.

 

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Data: 23-03-2011

De: Kátia Brito

Assunto: Rede social e diploma

André,

Fico pensando até que ponto as redes sociais podem mudar o conceito de democracia existente em nosso país. É interessante ver que de alguma forma os jornalistas acessam as redes para conseguir pauta, mas acredito que uma revolução democrática por meio da internet não pode acontecer sem revolução no mundo real.
Você acredita que a participação cada vez maior das redes sociais na produção jornalística é a confirmação de que para exercer a profissão não precisa ter diploma, passar pelos bancos da unversidade?

Bom texto, você sempre escreve bem, nem preciso dizer.

Abraços

Data: 23-03-2011

De: André

Assunto: Re:Rede social e diploma

Não acho. O texto jornalístico, em sua formatação, regras, estilos, não é feito por qualquer pessoa. Ele exige domínio, conhecimento. Uma coisa é lançar informações sem critério algum, sem compromisso. Outra coisa é apurar, correr atrás da verdade - um princípio do jornalista.
Dessa forma, acredito que informação de credibilidade é o profissional formado que sabe fazer. Por isso, o diploma ainda é indispensável. As informações divulgadas por pessoas comuns, ao meu ver, é algo meio especulativo. Não confio. Prefiro buscar em fontes mais confiáveis.

Data: 20-03-2011

De: Lorena

Assunto: Mídias Sociais e Jornalismo

Excelente texto e reflexão, André.

Você fala das adatações necessárias tanto para os jornalistas quanto para as empresas de comunicação. Em sua experiência profissional atual, como as mídias sociais interferem positiva e negativamente?

Lembre-se de seguir sempre o nosso padrão visual de publicação, para que a webrevista tenha coerência.

Insira as tags e fórum ao final de cada publicação.

Data: 23-03-2011

De: André

Assunto: Re:Mídias Sociais e Jornalismo

Bem, as mídias sociais auxiliam muito. Imagino com devia ser difícil encontrar fontes e personagens há algum tempo. Com certeza que era algo um pouco complicado. Principalmente quando a matéria tinha algumas especificidades, era muito recortada e exigia, exemplo, personagens que se enquadrasse em alguns pré-requisitos para serem úteis ao jornalista. Provavelmente se chegava à essas pessoas por meio de um indivíduo que conhecia um outro que, por sua vez, tinha um parente que poderia contribuir dando um depoimento.
Hoje as coisas são muito diferentes. No Orkut, por exemplo, encontramos mil e uma comunidades que reunem pessoas com problemas, gostos, posições muito parecidas. Ali se encontra diversos potenciais personagens e fontes especializadas no assunto que procuramos conhecer ou escrever. Fica tudo mais fácil. Conseguimos atingir diversas pessoas de maneira indistinta. Os que se sentem mais a vontade retornam a mensagem. Na maioria das vezes temos de ser seletivos, tamanho o número de pessoas dispostas a falar.
Por outro lado, existem inconvenientes também. No Twitter, por exemplo, as assessorias de imprensa estão espalhadas. Nem sempre é fácil reconhecê-las porque quase sempre elas são representadas, obviamente, por pessoas. Ninguém quer ficar refém delas. É interessante trabalhar com variações de fontes e não é nada interessante para o jornalista ficar promovendo determinados profissionais e empresas. Jornalista nenhum quer ser fantoche, guardadas as devidas proporções (rs). Essas assessorias geralmente tem "o melhor profissional para falar a respeito do que você procura". Esse é o argumento para convencer. Não critico aqui o que essas pessoas fazem, afinal de contas é o trabalho delas. Cabe ao jornalista ter senso, perceber como funciona e não dar bobeira.
É preciso ficar de olho aberto, pois da mesma forma que existem pessoas dispostas a ajudar, existem também os oportunistas na grande rede. É o tal negócio: "todo dia um bobo sai de casa"; não sejamos um.

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