Redes sociais: o sentido amplo da palavra “democracia”
Por André Martins
A revolução tecnológica é algo sem precedentes na história mundial. Desde o surgimento da internet, tanto a técnica, atrelada à máquina, como as relações interpessoais passaram por redefinições.
É interessante sinalizar, entretanto, que, assim como Evandro de Assis expõe em Jornalismo e a mídia social: desafios profissionais na comunicação aberta ao público, a tecnologia não se desenvolve por si só, sem pretensões. Essa reconfiguração só foi possível mediante uma demanda, à necessidade humana de aperfeiçoamento da técnica visando a eficiência dos procedimentos.
Em uma perspectiva histórica, as mídias analógicas bem como as digitais têm uma importância indelével para a historiografia mundial. Mesmo marcadas pela precariedade (caso das fitas cassete, exemplo) ou pela engenhosidade dos dispositivos das redes sociais, em inegável evidência no século XXI; essas foram diferentes ferramentas através das quais os indivíduos podiam se expressar divulgando informações e pontos de vista. Um fenômeno universal que caminha lado a lado ao desenvolvimento das ferramentas de comunicação.
Aqui cabe uma reflexão. Enquanto a técnica passava por reformulações, a ideia de democracia ganhava e ainda continua ganhando novos contornos ao redor do mundo. Exemplo disso é o avassalador reflexo do Twitter, Facebook, Youtube, dentre outras redes em sociedades culturalmente fechadas, onde vigora o controle e rigor estatal. Mesmo por meio dos mecanismos de censura, parar os internautas modernos e insatisfeitos não parece ser tarefa das mais fáceis, principalmente quando o que motiva homem é a luta contra a opressão e a busca pelo desejo primário e vital de ser livre.
Retornando à problematização das redes sociais, é notório que as mesmas vêm redefinindo os relacionamentos e o “modelo” do que podemos chamar de consumidores de informação. Teorias ultrapassadas como a hipodérmica da escola americana cada vez mais se chocam com a realidade atual, em que o internauta não é mais um coadjuvante no processo de comunicação, recebendo “goela abaixo” o que os formadores de opinião disponibilizavam por meio das mídias com pequeno ou praticamente inexistente grau de interatividade. A plataforma online e seus diversos recursos vêm tornando os internautas, realmente indivíduos, no sentido estrito da palavra. Indivíduos que hoje possuem voz e vez. São sujeitos ativos no processo de diálogo social e comunicacional. É importante observar que o público se tornou o maior termômetro para os veículos de comunicação, sendo preciso agradar à essa clientela cada dia mais exigente, que quer informação, nos mais diferentes formatos e apresentações.
Além de proporcionar interatividade, a internet veio para democratizar a informação e fazer dos internautas, produtores de conteúdo. As potencialidades presentes na web são diversas. Blogueiros, twitteiros e afins têm a oportunidade de configurarem as informações disponíveis ou produzidas como lhes aprouver. Ao final do primeiro capítulo da obra, Assis lança uma questão que sempre é discutida por profissionais da área: “A instantaneidade da informação é cada vez mais impressionante. Dessa forma, como o jornalismo tradicional sobreviverá à revolução das redes sociais e à necessidade de dar conta de uma realidade cada dia mais veloz?”, a resposta está na adaptação. O jornalismo impresso, exemplo, provavelmente não morrerá, pois existe público para tal. A certeza reside na mudança, na reconfiguração de seu modelo, seguindo o bom exemplo das inovadoras comunidades e redes virtuais.