Que país é esse?

01-11-2010 20:09
Niarta Oliveira

(7º Período de Jornalismo / UniBH)

niarta-oliveira@hotmail.com

 

Existe uma canção que ao ser tocada, com sua melodia marcante, emociona o coração de cada brasileiro, o Hino Nacional Brasileiro. A letra do hino foi escrita por Joaquim Osório Duque Estrada (1870 – 1927), tornando-se oficial em 1º de setembro de 1971, através da Lei nº5700. Dizem que ela é a síntese das características do país, fazendo menção de seus valores, ideais, de seu “surgimento”, entre outras coisas. Esse cenário perfeito descrito nas entrelinhas será o anfitrião da Copa de 2014, evento conhecido mundialmente. Afinal, somos o país do futebol.

 

Ao fazer uma breve análise, comparando a letra do Hino com a realidade social é perceptível algumas discrepâncias.

 

Veja o hino: “De um povo heróico o brado retumbante [...] se o penhor dessa igualdade, conseguimos conquistar com braço forte [...]Em teu seio, ó liberdade [...]Brasil, um sonho intenso, um raio vívido de amor e de esperança”. Agora observe dados da realidade. De acordo com dados do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, há no Brasil cerca de 14,1 milhões de analfabetos em 2009. A pesquisa ainda acrescenta que a população desempregada subiu para 8,4 milhões de pessoas entre 2008 e 2009, o que corresponde a um aumento de 18,3%, a maior taxa de elevação desde 2001.

 

“Teus risonhos, lindos campos têm mais flores”. Ainda, fazendo menção a dados do IBGE, é notável que esses campos mencionados na letra não sejam tão risonhos, pois 48,3% de toda uma área original de Cerrado já foi derrubada.

 

“Paz no futuro e glória no passado”. Mas de acordo com dados do Mapa da Violência no Brasil 2010, veiculado em julho, elaborado pelo Instituto Sangari, com base em dados do SUS, Sistema Único de Saúde, uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil. Essa pesquisa mostra que entre 1997 e 2007, 41.532 mulheres foram assassinadas no país indicando um índice de 4,2 assassinadas por 100 mil  habitantes, que coloca o Brasil acima do padrão internacional.

 

A canção finaliza dizendo que “dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada, Brasil!”. Mas, o curioso é que há uma outra canção, de um compositor contemporâneo, renomado, que afirma, exatamente, o contrário: “Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado. Ninguém respeita a Constituição. [...] Terceiro Mundo se for, piada no exterior. Mas o Brasil vai ficar rico, vamos faturar um milhão quando vendermos todas as almas dos nossos índios num leilão”.

 

Enfim, não será necessário, primeiro, cuidar de assuntos relacionados à sociedade como um todo, visando o bem estar e o progresso, para depois capacitar o país a receber e ostentar a Copa do Mundo? Porque o homem não vive só de futebol e emoções. Que país é esse? 

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