Os saudosos cinemas de rua

12-04-2011 10:03

Salas de exibições de filmes nas ruas perderam espaço para as de shopping centers

Por Rafael Sandim

 

Conforme cresciam as atrações culturais em Belo Horizonte, era cada vez maior o número de possibilidades para aqueles que gostariam de fazer algo rico culturalmente e se divertir. Em  1905, chega à capital mineira a primeira companhia cinematográfica. A Companhia Barrucci  levou o cinematógrafo para o teatro Soucasseaux, o que descentralizou as exibições de filmes  em apenas lugares privados. Tornou-se acessível o cinema.

O sucesso foi imediato e, no ano seguinte, foi instalado fixamente um cinematógrafo na sede do Teatro Paris. O espaço conseguiu se firmar como referência e, seis anos depois, foi nomeado como Cine Odeon. Porém, a vida dele não foi longa e teve fim no final dos anos 1920. Mesmo que o Cine Odeon tenha acabado, isso não quer dizer que as salas de cinemas em BH não estavam em ascensão. Todas as novidades impulsionaram para que crescesse novas práticas culturais na cidade.

Enquanto alguns cinemas se uniam às confeitarias de mesmo nome, nasceram os independentes Cine Central, na Rua da Bahia, e o Cine Ideal, na Avenida Paraná. No decorrer dos anos a prática dos cinéfilos se tornou cheia de glamour e era um passeio sofisticado ir ao cinema, como afirma o ex-boêmio e aposentado da Polícia Militar Salvador José Antônio. Para ele, assistir um filme não era apenas a principal atração: "As pessoas também admiravam os elementos culturais nas salas, como móveis estrangeiros e pinturas sofisticadas".  O entrevistado lembra que o primeiro que saiu do padrão elitista não estava presente em uma rua ou avenida importante. O Cine Floresta, em 1915, e outros cinemas populares tiveram início na década.

Nos anos 1920 as salas com menos luxo cresceram e chegaram até a elite. Algumas foram criadas em endereços importantes na cidade. Esse crescimento pode ser confirmado com o alto número de inaugurações na década. Entre eles estão o Cinema Pathé,  na Av. Afonso Pena; o Cinema Avenida, também na Afonso Pena; Cinema Capitólio, na Av. do Comércio; e o Cine Roxy, no Barro Preto. Na década seguinte, o cinema conseguiu se estabilizar ainda mais em BH com a chegada do Cine Brasil. Em 1940, foi a vez do Cine Metrópole ser inaugurado. Já em 1950 e 1960 foi constatada uma melhoria em termos técnicos nas salas de exibições. As fitas dos filmes tiveram melhoria na qualidade e os espaços em que os longas eram transmitidos também foram reformados para caber mais gente e se tornarem mais confortáveis.

 

Confira no mapa os endereços de alguns cinemas extintos em Belo Horizonte

 


Visualizar Cinemas extintos em BH em um mapa maior

 

 

A queda na qualidade dos filmes teve início em 1970.  O famoso glamour nos cinemas sai de cena e abre espaço para longas estranhos que começaram a denegrir a imagem dos locais em que eram exibidos. Após o fechamento do Cine Metrópole, em 1980, as salas de exibição passaram a ser construídas em shopping centers e perderam cada vez mais espaço. A atração que antes servia para conhecer pessoas se tornou uma prática corrida em que as pessoas vão apenas para assistir o filme e não para apreciar o lugar e a arte ali presente. Para alegria dos cinéfilos belo-horizontinos, o Cine Brasil está em reforma e pode voltar a qualquer momento. Mas não se empolgue muito com a notícia, a reforma anda em processo lento e houve boatos que seria concluída no ano passado. O projeto tem o intuito de trazer de volta a beleza do Cine Brasil, que se baseava em elementos luminosos, como vitrais cheios de luz, e livraria, museu, cafeteria e mais atrações.

Atualmente, os únicos cinemas de rua, em Belo Horizonte, que estão em funcionamento são  as salas Usiminas de Cinema, que engloba o Cinema Belas Artes, na Rua Gonçalves Dias, e o Cineclube Savassi, na Rua Levindo Lopes.

 

Alguns cinemas extintos em BH:

Cine Candelária - Teve fim em 2004 após um incêndio. O local era famoso por ser grande e confortável.

Cine Palladium - Um dos famosos em BH por causa de sua beleza acabou em 1999. Existem planos para trazê-lo de volta como um Centro Cultural e de Negócios.

Cine Roxy - Foi fechado em 1995, após o crescimento do bairro Barro Preto.

Cine Pathé - Um dos cinemas mais frequentados de Belo Horizonte. Seu fim foi visto na década de 1990.

Cine Metrópole - Fechou 1983 devido protestos de pessoas para que mais uma agência bancária chegasse em BH. A ideia era que ela fosse feita no local.

 

Saiba mais:

 

A revitalização do Cine Brasil

Um pouco da história de BH

O famoso Cine Brasil

 

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