Os Donos da Rua

03-11-2010 08:58

Por Wesley Melo (7º Período - jornalismo UNI-BH) wesleyjornalismo@bol.com.br

O leitor acostumado a freqüentar as praças, ruas e recantos da capital já possui os olhos treinados para identificar os diversos espaços públicos privatizados por determinados indivíduos. Como se não bastassem os “flanelinhas que se apropriam de trechos de estacionamento para explorar o contribuinte, agora temos também os adultos de rua, que improvisam suas moradias nas áreas destinadas ao entretenimento do cidadão.

A prefeitura de Belo Horizonte, além de abandonar tais áreas ainda permite que se os sem teto se instalem e destruam o que ainda existe. Oito pessoas se espalham e ocupam a praça Domingos Martins, quebrando árvores, montando suas camas e tralhas. O fogão a lenha improvisado bem no centro de laser encosta no que sobrou de um banco. Alguém já avisou que este grupo morou dez anos em outra área próxima e vai ficar ali até quando quiserem.

Engana-se quem acha que eles vivem uma vida sem compromissos e rotinas. O mendigo “chefe” que aparenta ser o maioral dos moradores da região tem uma agenda cheia. Pela minha janela observo as suas atividades diárias que compreende:

Acordar todos os dias e ofertando sua música aos seus vizinhos de praça e também aos transeuntes. Beber um trago de cachaça logo de manhã para dar um ânimo para o dia. Descansar o resto da manhã. Almoçar qualquer coisa que consegue perambulando pela rua. Descansar após o almoço. Consumir drogas no final da tarde para não se lembrar do que fez durante o dia.

Dar suporte a estas pessoas é tarefa do poder público que não toma nenhuma atitude.

Quando a policia militar é acionada, transfere a responsabilidade à secretaria de Meio Ambiente, que por sua vez transfere a responsabilidade à secretaria de Ação Social, que também se esquiva informando que não podem obrigar os mendigos a se dirigirem aos abrigos da prefeitura. Até a secretaria de controle de zoonoses informou que não pode recolher os cães que andam soltos pela praça porque, os funcionários que fazem as coletas temem ser agredidos pelos donos dos animais.

Em resumo, o problema é nosso. Nós, moradores estamos abandonados, talvez como muitos destes mendigos.

É um tanto pitoresco a aplicação da lei neste caso:

- Estacionar na praça não é permitido.

- Jogar entulho também não é permitido.

- Morar...é permitido!

Wesley Melo é estudante do 7º período de jornalismo no Centro Universitário de Belo Horizonte.

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