O ritmo do Haiti

24-04-2011 20:24

Por Kátia Brito

 

Haitianos aguardam desde o terremoto de doze de janeiro de 2010 por mudanças que parecem andar em ritmo de valsa: dois pra lá e dois pra cá. A cada semana a ONU anuncia um novo plano estratégico para reconstrução do país e um novo comandante assume a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti, a Minustah. Além disso, tem mais um capítulo da longa novela política que começou há 184 anos, quando a França deu aos mulatos uma liberdade promissória, cujo valor eu não sei. Mas com toda certeza, seria preciso muito açúcar para dar um gosto a essa suada independência.

 

Desde que os brancos foram expulsos da antiga colônia de Santo Domingues, a pérola das Antilhas, a política haitiana vive de altos e baixos. Na verdade mais baixos do que altos, já que a cadeira presidencial foi revezada entre mulatos. Já os negros assumem nesta história o papel de arruaceiros e lutadores da igualdade. Foram eles que mais lutaram e os que menos tomaram posse desta vitória.

 

Mas quem liga para o Haiti? Esse país outrora rico e hoje o pobre das Américas, nunca recebeu atenção das nações. Seja por misericórdia ou por interesse, a ONU, desde 1994, mantém no País tropas de paz que conseguiram barrar a violência e a revolta de quem conhece bem as lutas do passado e vê com olhos embaçados um sonho que nunca saiu do papel ou mesmo das conversas dos antigos: liberdade e riquezas para todos!

 

Infelizmente foi preciso terremoto, furacão Tomas e cólera devastando famílias e ampliando a miséria para que, obrigatoriamente, os colonizadores pudessem colocar a mão no bolso e procurar nos livros de história algo sobre o Haiti. Até imagino Sarkozy perguntando a bela Carla Bruni onde no globo terrestre se encontra este País e ela, com seus lindos olhos azuis, dizer: “É necessário mesmo você saber?” Ninguém sabe mesmo. O importante é falar de euros e apresentar um bom discurso de solidariedade. E embora eu esteja especulando, a verdade é essa: saber o que é o país caribenho pouco importou, até porque a urgência era socorrer e enterrar os mortos.

 

Depois de um ano o cenário não mudou e alguns personagens também não. A diferença é que enquanto a ONU tenta arrumar os tijolos, os haitianos protestam e reivindicam uma promessa antiga: a liberdade e as mudanças políticas. No dia 27 de março todos foram às urnas improvisadas para escolher o novo presidente. De um lado Mirland Manigat, formada em ciências sociais e casada com o ex-presidente do Haiti, Leslie Manigat. Informação aparentemente irrelevante, já que na ilha o passado político não é muito bem vindo.

 

Do outro lado da disputa o cantor de lambada Michel Martelly, que, segundo especialistas, tem cativado os jovens com seus discursos inflamados de mudanças e pode surpreender a conservadora Manigat vencendo as eleições. Mais uma vez, só para dar mais emoção, será adiado para o dia 16 de abril o resultado do processo eleitoral. Afinal, foram encontradas 1.518 cédulas com suspeita de fraude. Apesar de mais algumas semanas de espera, haitanos aguardam um presidente que saiba dançar todos os ritmos, desde que não se conforme com a valsa marcada, aquela que não tira a República Democrática do Haiti do lugar.

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Data: 10-08-2012

De: jessica

Assunto: o texto

nesse texto precisa de mais assunto falar mais do ritmo haitano!!!!!!!!!!

Data: 10-08-2012

De: jessica neves

Assunto: Re:o texto

isso ai!!!!!!!!1

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