O novo jornalista

17-03-2011 11:10

Por Fernanda Carvalho

Desde que o mundo é mundo, nunca se teve tanta informação. Um novo jornalista surgiu. Um ser inquieto, que quer a todo custo se comunicar.  

 

Inquieto, interessado, não tão ligado a forma e a ética, um obcecado por se comunicar. Um bicho racional, que se utiliza do mundo para viver nele, que está sempre atento aos outros e ao que eles fazem, que não deixa passar nenhuma oportunidade de sempre falar mais. Um ser que está em todos os lugares e que a tudo vê e tudo vai mostrar. Esse é o novo jornalista.

 

Nessa nova era guiada pela internet e pelas redes sociais, o novo jornalista é o chefão das informações. A democracia global das redes sociais deu ao povo o poder de dizer tudo que quiser para todo o mundo.

 

As redes sociais integraram o mundo em uma teia gigantesca de múltiplas ligações. Nesse contexto em que o globo se encontra, o jornalismo ganha um papel completamente diferente. Os meios de comunicação precisam se adaptar, a todo segundo, às gigantes modificações causadas por essa rede enorme de compartilhamento.

 

Qualquer pessoa no mundo agora pode ser jornalista. Um jornalismo independente que surgiu da necessidade que as pessoas têm de se expressarem e, também, da impossibilidade de um jornalista, ou uma empresa de comunicação, de estar no momento certo e no lugar exato de um determinado acontecimento.

 

Outra necessidade surgiu de forma mais aguda nesse contexto atual. A necessidade de se inteirar de tudo que acontece no mundo. Somente esse jornalista, o povo, é capaz de registrar todos os acontecimentos.

 

Os meios de comunicação se adaptam a isso abrindo espaços para esse novo jornalista. É imprescindível que isso aconteça. As empresas jornalísticas dedicam quadros específicos para isso na internet, na televisão, na rádio; elas dão a voz ao público e dessa forma também se aproximam do público. E quem abriu a possibilidade para que isso acontecesse de forma mais fácil foi a internet.

 

Na internet tudo é rápido e fácil. Um vídeo feito aqui no Brasil pode ser enviado em questões de minutos, ou até segundos, para um morador do outro lado do globo. As trocas de informações cresceram tanto que uma hora a rede não vai suportar tanto armazenamento de ideias.

 

Atualmente basta uma pessoa ter uma ideia para que ela seja passada para um universo de pessoas. As redes sociais são fáceis de serem usadas e passam a informação de forma muito mais rápida se comparado aos jornalistas de menos de 10 anos atrás.

 

E desse mesmo modo que as redes sociais são positivas por propagarem informações por toda parte do mundo, são também perigosas por exporem as pessoas, por muitas vezes, mais do que o necessário. A necessidade de se comunicar também originou esse tipo de perigo. As pessoas se comunicam tanto, se expõem tanto, que se tornam abertas a perigos maiores do que antigamente.

 

Atualmente é possível encontrar qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. Todos os nomes aparecem de alguma forma no Google. As realizações profissionais, os textos, fotos, vídeos, tudo está na rede da internet. Arquivos que uma pessoa pode nem conhecer são colocados na internet, muitas vezes de forma antiética. O respeito pelo ser humano perdeu para a gigantesca necessidade de se encaixar no mundo da internet, de ser aceito, de se comunicar dentro dele.

 

Dessa forma também é importante que o jornalismo profissional não se perca nessa onda antiética. É importante que o jornalismo profissional se mantenha profissional e utilize-se dessas redes sociais e da internet de forma geral para se comunicar de forma mais próxima com a população, como forma de humanizar o jornalismo, estar ao lado do povo e em prol do povo.

 

A internet modificou não só o jornalismo, mas também o mundo. Manifestações são organizadas diariamente em todo mundo através das redes sociais. A política se tornou diferente também. Os políticos perceberam que é essencial estarem atentos aos movimentos das redes sociais e também movimentá-las de forma consciente.

 

As últimas eleições foram a prova disso. No twitter um debate à parte aconteceu durante todos os debates televisivos. Pessoas contratadas estiveram completamente atentas a isso: fizeram parte dos debates dos twitteiros. Provavelmente influenciaram de alguma forma uma ou outra pessoa a votar em algum candidato.

 

No Irã uma mulher foi morta durante uma manifestação. Pouco tempo depois um vídeo com o momento de sua morte já circulava por todo o mundo. Um pequeno retrato de um massacre que marcou talvez muito mais do que a própria manifestação. Uma imagem que chocou e que provocou diversas reações em todos os lugares. Uma imagem que, de alguma forma, mudou o mundo.

 

A internet está mudando o mundo. Se é para o bem ou para o mal, tudo depende de você. Essa é, definitivamente, a era da democracia global.

 

 

 

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Data: 29-03-2011

De: Guilherme Reis

Assunto: jornalista e a nova mídia

Gostei do seu texto por instigar o profissional de comunicação a se tornar mais completo e atualizado em relação a suas ferramentas.

Hoje até as empresas podem ter sua própria fonte de informação, não precisando mais de veículos próprios para isso. Com a Petrobrás que criou um blog para difundir suas próprias informações. Com esse novo jornalista deve reagir em meio a essa concorrência de um veículo que não é especializado?

Data: 29-03-2011

De: Fernanda Carvalho

Assunto: Re:jornalista e a nova mídia

Guilherme,

acredito que o jornalista deve ser um aliado a esse jornalismo não especializado. Deve se unir a ele e também se utilizar dele para trabalhar. Como isso pode ser feito? O profissional deve se interar das informações fornecidas no blog da Petrobras, por exemplo, e, com isso, fazer reportagens mais aprofundadas, coerentes, sob uma visão diferenciada. É nesse momento que o jornalismo que busca se aprofundar no tema, ir além das características formais do lead e se aproximar da sociedade, fazendo um jornalismo social; ganha uma importância fundamental no mercado profissional. Por isso, é preciso que o jornalismo, a comunicação, se molde a essas novas tendências de forma inteligente. É preciso que o profissional seja mais criativo do que nunca. É preciso ousar nessa era de informações fáceis, baratas e difundidas por todos.

Data: 23-03-2011

De: Bárbara Loureiro

Assunto: Mídias Sociais e Jornalismo - Comentário

Fernanda,

Muito se tem debatido sobre o futuro do jornalismo nesta nova era em que todos são capazes de produzir e consumir informações ao mesmo tempo. Vivemos um momento de mudanças dos formatos e das plataformas tecnológicas. Neste novo cenário, o jornalismo ganha novas oportunidades. Porém, a partir de agora, as empresas querem seus profissionais mais qualificados, profissionais que oferecerem diferenciais que garantam a credibilidade, aceitação, penetração e qualidade na apuração na construção da notícia. A internet está mudando diretamente o dia-a-dia dos jornalistas.

Você acredita que os jornalistas possuem uma boa aceitação das redes sociais atualmente ou estão caminhando para isso?

Data: 29-03-2011

De: Fernanda Carvalho

Assunto: Re:Mídias Sociais e Jornalismo - Comentário

Bárbara,

pelo que percebo da minha convivência diária com alguns jornalistas, muitos ainda estão resistentes em aderir aos meios sociais. A maior parte, incluida na velha guarda do jornalismo. Eles acreditam ainda que não é necessário fazer parte desse meio e, muitos, ainda tem medo de serem questionados pela grande massa. Deixam de opinar e escrever, para não terem comentários indesejáveis. Mas, apesar disso, acredito também que os mais novos jornalistas estão aderindo com força a todas as redes sociais. Talvez ainda meio perdidos, sem saber como utilizar delas profissionalmente. Mas estão alertas para a necessidade de se expressar e de possibilitar a crítica e os comentários sobre seu trabalho, sua opinião e até sobre sua vida, de forma consciente e madura.

Data: 20-03-2011

De: Lorena

Assunto: Mídias Sociais e Jornalismo

Fernanda,

O conteúdo está ok, mas sugiro que você faça um exercício de evitar o uso de "que" e também abordagens genéricas, como "um vídeo", "um debate". Dê exemplos, cite nominalmente, utilize artigos definidos "o" "a", utilize dados numéricos. Assim seu estilo fica mais incisivo, demonstra conhecimento e segurança.

Minhas pergunta para você: você utiliza as redes sociais profissionalmente? Se utiliza, cite exemplos. Se não utiliza, cite exemplos de jornalistas que o fazem e como fazem.

Data: 29-03-2011

De: Fernanda Carvalho

Assunto: Re:Mídias Sociais e Jornalismo

Lorena, tenho consciência de que ficou faltando conteúdo. Obrigada pelas observações.

Quanto à pergunta, utilizo sim. Ainda pouco, mas já foi útil em vários momentos. Já utilizei o orkut, por exemplo, para buscar fontes para matérias. Utilizo também o facebook, orkut e twitter para divulgar o conteúdo do meu blog. Além disso, sou seguidora de vários meios de busca de empregos e estágios, o que facilita com que eu fique sabendo de oportunidades profissionais e divulgue meus trabalhos e meu currículo.
Um exemplo de jornalista que também faz isso é o Arnaldo Jabor. Ele utiliza do espaço do twitter para fazer críticas rápidas ao que sai na imprensa e a tudo que tem interesse e inclui o link para a pessoa também acessar. Com a popularidade que ele tem como jornalista e também pelo profissionalismo como utiliza o twitter, ele tem 326,213 seguidores até esse momento em que escrevo.

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