
O novo jeito de fazer jornalismo
Pedro Costa
Como as novas ferramentas da web ajudam e atrapalham a informação
Não é preciso ser especialista em comunicação para perceber que o modo de informar a sociedade mudou nos últimos 20 anos. Um dos principais agentes transformadores para esta “revolução comunicacional” é, sem dúvidas, a Internet. Até aí, nada demais, já é sabido. Qualquer um que tenha acesso a rede é capaz de compartilhar textos, vídeos, imagens com quem quiser ter este tipo de informação.
O ponto mais e interessante é que tal cenário é banal. Não nos surpreendemos mais em receber notícias em tempo real, ou então, nós mesmos sermos provedores da notícia. É rotina. O que gera surpresa hoje é você não ter um twitter, um facebook, um blog etc. e ficar sabendo de um acontecimento horas depois do ocorrido.
Obviamente que tal banalidade já invadiu as redações de jornal e agências de notícias. Hoje, um jornalista precisa ter diversos canais de comunicação, além de seu veículo, para se manter informado e informar aos outros. Neste quesito, as redes sociais são essenciais. Mas resta a dúvida: será que este avanço tecnológico é bom? Bom no sentido de ajudar, facilitar, tornar mais prático o exercício do jornalismo.
Muita gente diria que sim, que chega a ser até óbvio. “O poder dos 140 caracteres” atinge milhões de seguidores, inúmeras pessoas podem “curtir” uma informação rapidamente enquanto que todos seus amigos ficam sabendo simultaneamente, enfim. Óbvio. O acesso às notícias está muito mais fácil. Mas, e a qualidade?
É aí que entra minha maior preocupação. Hoje qualquer pessoa pode colocar uma informação a bel-prazer na rede e, certamente, um número de usuários terá contato com a mensagem. Ora, nem todos possuem um senso crítico completamente formado ou uma “maldade” estabelecida para determinar se a informação procede ou não. Bastam duas letrinhas para que ela se alastre e percorra de Boa Vista ao Chuí: RT.
O que eu quero dizer é que não há como controlar o fluxo de informações pela Internet, o que só dá mais trabalho aos jornalistas. Qualquer pessoa pode dar uma informação sem compromisso com a realidade. Se sair uma notícia sobre determinado fato, o processo de apuração precisa ser mais ágil e dinâmico, pois corre-se o risco do veículo “comer mosca” diante da concorrência, mas não pode ficar acorrentado apenas à web, sob o risco de encontrar novas informações sem credibilidade. O bom e velho telefone, o tradicional “vai lá e conversa com Fulano” ainda não podem ser substituídos pelo e-mail ou @fulano.
O cuidado, o compromisso com a verdade e a ética continuam valendo para estas novas plataformas de veiculação de notícias que são as redes sociais. Todos têm acesso a informação e por isso, o mesmo tratamento dado às matérias em mídias físicas, como revistas e jornais, precisa ser feito na Internet.
A tecnologia evolui e está a serviços de todos. Mas é preciso saber usá-la com bom senso e não preterir as outras formas de fazer jornalismo. Essa é a minha conclusão em relação ao momento que vivemos. Sem dúvidas, a Internet, principalmente através das redes sociais, deu uma agilidade tremenda, o que sempre foi um dos objetivos do jornalismo: noticiar os fatos para um grande número de pessoas em um pequeno intervalo de tempo. Mas não pode permitir que, em nome da agilidade, da pressa, a qualidade da informação seja arremessada para segundo plano.