O Jornalista e o Assassino

22-06-2012 15:15

 

A história de um jornalista que usa a sua fonte para escrever seu best-seller e depois se vê em um julgamento.

 

Por Henrique Arruda - JRN7A

henriquearrudamorais@gmail.com

O livro conta a história de um jornalista que decide fazer uma biografia após um assassino convidá-lo para fazer. A história se passa nos Estados Unidos entre o jornalista e o assassino, que era um médico bem sucedido. O livro trata de como jornalistas tratam sua fonte com o que eles querem ouvir para a construção do seu texto ou livro e a fonte com o que ela quer que seja dito para que se compre a sua versão dos fatos. Um conflito que traz a ética jornalística à tona.

 

O jornalista Jeff McGuinniss entrevista Jeffrey MacDonald, que foi acusado de matar sua esposa e suas duas filhas, na década de 1970. No primeiro julgamento realizado, MacDonald é considerado culpado e quando preso, convida o jornalista McGuinniss para acompanhar todo o julgamento e fazer uma biografia sobre Jeffrey. O resultado foi o livro chamado Fatal Vision, publicado na década de 1980.

 

O que acontece após a divulgação do livro é um julgamento que o então assassino psicopata contra o jornalista por ter escrito algo contrário ao que havia no contrato entre os dois. Com todo acesso ao material de McDonald e também a troca de cartas, eles se tornaram amigos. Jeff McGuinnis tinha acesso a tudo relacionado com o seu entrevistado, freqüentava a casa do médico e em suas cartas sempre demonstrava a sua solidariedade sobre Jeffrey. Em seguida, tudo o que havia escrito seria exatamente o contrário que o médico imaginava. McGuinnis então foi processado por MacDonald por não cumprir com o que havia no contrato.

 

Este assunto traz uma reflexão com o que o jornalista faz para conseguir tudo o que quer do seu próprio ponto de vista para criar uma história. Janet Malcolm em seu livro demonstra a sua opinião, ouvindo os dois protagonistas e conversando com colegas jornalistas. O Jornalista e o Assassino, mostra como é fundamental ter o distanciamento entre a fonte e o jornalista e também a confiança que um tem no outro que logo é desfeita. Por um lado, temos o jornalista que moldou tudo, escrevendo em suas cartas para o médico que estava escrevendo algo que traria uma redenção, retirando a imagem de um assassino psicopata. McDonald precisava do jornalista para mudar sua imagem, enquanto McGuinniss precisava do médico assassino para publicar o seu livro.

 

Em seu primeiro parágrafo, Janet, mostra a crueldade do jornalismo. “Qualquer jornalista que não seja demasiado obtuso ou cheio de si para perceber o que está acontecendo sabe que o que ele faz é moralmente indefensável”. O livro não demonstra o que deveria ser feito, mas o instiga a refletir sobre a prática jornalística.

 

O Jornalista e o Assassino

 

Autora: Janet Malcolm

Tradução: Tomás Rosa Bueno

Editora: Companhia das Letras

Páginas: 176

 

 

Leia Mais:

 

Crítica da Folha S. Paulo

Crítica do Estadão

Revista Bravo sobre o Livro

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