Muita calma com a História

27-04-2011 18:41

por Luiz Afredo Gaspar Martini - 7º JRMB

luizmartini2008@hotmail.com

O filme Muita Calma Nessa Hora prometeu ser imperdível por reunir os maiores nomes do cinema nacional no aspecto cômico. Realmente, pode-se dizer que o elenco tem vários atores consagrados pelo gênero da comédia, principalmente, com alguns destaques em programas de televisão. Mas o “termômetro de risadas”, que todas as salas de cinema têm embutidas quando entram seus adeptos, pode não alcançar níveis satisfatórios na sua vez.

O roteirista Bruno Mazzeo, que já conseguiu ganhar mais espaço na mídia, inclusive com um programa fixo na grade da Rede Globo e por ser filho de Chico Anísio, se perdeu como “técnico” ao não conseguir explorar o talento máximo do elenco dentro de seu roteiro.

Quando escolhem quatro atrizes para serem as principais e se deixa uma de forma solta na história, caso da personagem Estrela, veja que a analogia do parágrafo anterior condiz até com o nome da figura dramática, o diretor e toda a equipe de produção atrapalham a sequência do filme.

Outro problema que dificulta a exaltação da atração é que alguns atores, que utilmamente são vistos em peças stand up, por exemplo, Marcelo Adnet e Nelson Freitas, não têm a liberdade de inovar. Não que a situação de um filme com roteiro e direção tenha o mesmo poder de improviso de uma peça. Mas sem o lado da criatividade nas cenas o nível do filme cai muito. As piadas escolhidas e a repetição de alguns trechos tiraram a essência da surpresa e do inesperado e caem na rotina de um “pastelão”.

Nomes como Laura Cardoso, André Mattos, Lúcio Mauro, Maria Clara Gueiros, Heloísa Perissé e até Marcelo Tas foram reservas de luxo na história. Por convocar atores de tal porte, seria interessante uma adaptação do roteiro para explorar melhor todas as potencialidades. Ao mesmo tempo, quando se junta tantos atores de nível fica difícil equilibrar as participações.

A liberdade com que os temas sexo e drogas perpassam na tela deixa aquela sensação mista de adequação com a realidade e preocupação com o incentivo. Mesmo sem conter cenas de nudez, a busca incessante de uma atriz pelo sexo e os múltiplos parceiros poderiam ser menos apelativas. Já o uso de ervas alucinógenas em excesso, também poderia ser evitado.

O filme também não é descartável apesar dos problemas citados anteriormente. A pequena, mas excelente participação de Marcelo Adnet (Augusto Henrique) vale boas risadas. Além dele, o pessoal do Hermes e Renato, da MTV, deve agradar o público.

Dois personagens que tiveram espaço na trama, mas que não foram além de regulares, até por ficarem presos a piadas batidas e roteiro confuso foram Nelson Freitas e Dudu Azevedo. Freitas (Pablo) é limitado pela interpretação de um pseudo-argentino, que “habla portunhol” e não é bem aproveitado. Faz mais uma parte dramática, do que a comédia forte de sua raiz. Já o galã do filme, Dudu Azevedo (Juca) é vazio na sua relação com algumas personagens e fica mais para sem camisa, com o propósito de agradar o público feminino, do que com papel significante na história. Sem muito destaque.

No geral, pode-se dizer que Muita calma nessa hora foi igual à seleção brasileira de Dunga. Os números antes da Copa não deixavam dúvida de um bom trabalho. Porém, depois que a bola rolou houve momentos de espetáculo e outros de insegurança. Da mesma forma o filme pode ser considerado mediano.

FICHA TÉCNICA:

Gênero:   Comédia Jovem
Direção:   Felipe Joffily
Produzido por:   Augusto Casé e Rik Nogueira
Produção executiva:   Augusto Casé
Roteiro:   Bruno Mazzeo, João Avelino e Rosana Ferrão
Argumento: Rik Nogueira e Augusto Casé
Produtores associados:   Bruno Mazzeo, Andréia Horta, Débora Lamm, Fernanda Souza e Gianne Albertoni
Diretor de fotografia:   Marcelo Brasil
Direção de arte:   Valéria Costa
Figurino:   Renata Russo e Paulo Barbosa Lima
Montagem: Marcelo Moraes
Trilha Sonora: André Moraes
Música original: Pitty e Leoni