
Internet, Mídias Sociais e Jornalismo: um breve panorama.
Por Carolina Anglada
Não adianta se apegar ao passado. Todo momento da História instaura desafios e o atual é adaptar o fazer jornalístico às novas condições.
Responsabilizar a transformação do jornalismo através do viés de uma sociedade pós-moderna fragmentada é uma saída muito simples para um caso muito mais complexo. Além de ser quase sempre apenas um argumento para se manter conservador frente aos novos desafios da profissão.
O mundo e o que dele se deriva em relação à organização, população e atividades está em constante mudança. E esta mudança não é de hoje, mas acontece desde sempre. Portanto, não adianta lamuriar-se pelas tendências contemporâneas. Toda época requer um desafio próprio e o desafio atual, no campo jornalístico, é adaptar-se frente aos novos recursos e paradigmas.
O modelo de comunicação que formou jornalistas atuantes e muitas vezes ainda ensinado nas universidades aos futuros jornalistas, que se pauta numa comunicação entre emissor e receptor único, através principalmente de um veículo com grande distribuição está fadado ao desaparecimento.
No lugar disso, o que se percebe é uma abertura por parte dos espaços de comunicação a novos emissores de notícias. Isto é, frente à consolidação da tecnologia, qualquer um que possua uma câmera, gravador ou até celular em mãos e esteja no lugar e na hora certa, poderá se comportar como um jornalista, enviando a sua “cobertura” do fato. Além disso, a abertura a uma grande platéia de receptores se dá no espaço destinado ao debate e ao envio de opiniões em que os portais de notícias disponibilizam atualmente.
O surgimento e consolidação das mídias sociais enquanto forte tendência tanto no quesito entretenimento quanto empresarial não pode ser deixado pra trás no panorama dos novos dilemas jornalísticos. Infinitas pesquisas comprovam que empresas que apostam nas redes sociais aumentam seus lucros e melhoram sua aparência e percepção pelo público. Da mesma forma acontece com os veículos. Portais de notícias e versões online de jornais “antenados” têm se “rendido” a esses novos recursos e recebido a resposta quase que instantaneamente. Para alguns parece o fim da “era áurea” jornalística, mas enquanto estamos vivendo-a é mais arriscado poder caracterizá-la assim.
Fato é que para poder manter um status de credibilidade por parte do público a que se destina um veículo, ele precisa manter-se em constante atenção ao seu redor. Twitter, Facebook e YouTube, por exemplo, são ferramentas já consolidadas e de grande alcance e apreço pelo público em geral. Não desenvolver um canal próprio do veículo nessas redes é se ater a um pensamento retrógrado e fadado ao fracasso.
Quando inseridos, conseqüentemente outros desafios surgem. Cada uma das redes requer um tipo de linguagem e é preciso manter-se flexível. Ao final, todos convergem para um objetivo em comum: tornar a informação acessível e completa em detalhes. Se os textos de páginas inteiras e as séries de reportagens estão cada vez mais restritos a certos veículos, as informações estão mais “ricas” em termos de multimidialidade, uma vez que os recursos podem juntos construir o sentido e fornecer perspectivas variadas.
Na questão de investimentos também não há desculpa aceitável. Todo espaço virtual pode derivar outros espaços próprios para publicidade e, embora muitas empresas ainda tenham pudor em investir em anúncios na internet e estes serem mais baratos do que em materiais impressos, o campo é um nicho que em breve será a primeira opção de muitas empresas. O que hoje pode ser um risco, amanhã será vantagem.
Uma série de outras tendências são perceptíveis e o fato do Brasil ser ainda um país atrasado em relação ao Hemisfério Norte o faz ter certa vantagem no momento da adaptação. Estatísticas recentes revelam que o número de leitores de notícias em portais virtuais já é maior do que os de jornais impressos, nos Estados Unidos. Por causa de uma óbvia defasagem em termos de acesso à internet e a aparelhos eletrônicos essa situação vivida por países desenvolvidos ainda irá demorar a chegar ao Brasil.
Assim, profissionais brasileiros "da notícia" podem aproveitar o tempo que ainda falta, para se adaptarem de forma mais assertiva, observando exemplos de sucesso e fracasso externos.