Em 140 caracteres

21-03-2011 20:33

Lucas Catta Prêta

A identidade no século XXI transcenderá os Estados, e ficará marcada por aqueles que tiverem uma identidade online 

 

Quando comecei a faculdade de jornalismo, em 2008, tinha uma visão muito diferente sobre o que era essa profissão. Era inevitável ver o jornalista como alguém que atua ou no meio impresso, no rádio ou na televisão. Hoje, praticamente quatro anos depois, me surpreendo que em um espaço tão curto de tempo tanta coisa tenha mudado. Para melhor? Talvez. O ritmo das mudanças parece que não deixa opções para gostar ou não, sequer pensar sobre elas. A nós cabe apenas aceitar e, evidentemente, tentar acompanhar tamanho rebuliço.

 

Como estudante de comunicação e alguém que trabalha na área, a mudança mais significativa atende pelo nome de Twitter. É de impressionar que em cinco anos, comemorados nesta segunda-feira, uma ferramenta de mensagens tenha mudado completamente a relação entre as pessoas, e, no nosso caso, profissionais da comunicação, nas nossas rotinas.

 

No caso do Twitter, ferramenta de microblogging na qual postamos mensagens de até 140 caracteres, os exemplos de sua força neste novo momento da comunicação são constantes e, certamente, inesgotáveis. A primeira vez que percebi o potencial do Twitter foi em 25 de junho de 2009. Naquele dia, Michael Jackson, um dos maiores nomes da história da música e do entretenimento, havia morrido ao dar entrada em um hospital.

 

Antes de ler qualquer Breaking News nos sites estrangeiros, de ver qualquer Plantão da Globo, antes de ouvir a CBN interrompendo sua programação, foi no Twitter que soube da morte de Michael. Na ocasião, muitos, na verdade, souberam da notícia através dessa ferramenta. Afinal, foi um blog, retuitado incansavelmente na rede social, que deu o ‘furo’ da noticia, que mais tarde foi confirmada de forma oficial.

 

A notícia da morte de Michael Jackson via Twitter foi um divisor de águas. Ali, percebi que não era possível ignorar aquelas mensagens de 140 caracteres. Muito além de dizer aos nossos seguidores ‘What’s happening?’, queremos mais é saber, não só de nossos amigos, mas de todo o mundo, What is happening?

 

Exemplos, agora, temos aos montes. Se em um passado não muito distante, os levantes e protestos contra tiranos, déspotas, ditadores, ou até mesmo governos tidos como corretos eram feitos apenas pela mobilização das pessoas, hoje, podemos dizer que as @Arrobas e as #hashtags também têm seu potencial de mobilização. Não é à toa que tantos mundo afora temem a internet. Afinal, ela não tem espaço delimitado, não sabemos onde está, nem quem de fato escreve alguma coisa.

 

Com a situação recente da praça Tahrir, no Egito, pudemos assistir, em tempo real, uma revolução se desenvolvendo. A força principalmente da juventude egípcia, que mesmo com tentativas de silenciá-la se manteve de pé e resistente, derrubou, por fim, um ditador instaurado no poder há quase 30 anos. Sem se dar conta das distâncias geográficas, fisicamente intransponíveis, os ecos da revolução do Nilo atingiram os vizinhos Iêmen, Qatar e Líbia, sem ainda sabermos ao certo de que forma tudo irá terminar.

 

O sociólogo espanhol Manuel Castells, com maestria, define a real situação de nossa sociedade: “Imagino que alguém possa dizer: ‘Por que não me deixar em paz? Não quero saber nada de sua internet, de sua civilização tecnológica, de sua sociedade Rede! A única coisa que quero é viver minha vida!’ Muito bem! Se este for o seu caso, tenho más notícias para você: se você não se relaciona com as redes, as redes, sim, relacionam-se com você. Enquanto você estiver vivendo em sociedade, neste tempo e neste lugar, terá de conviver com a sociedade Rede, porque vivemos na galáxia internet”.

 

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Data: 25-03-2011

De: Isabela Araújo

Assunto: Mídias Sociais e Jornalismo

Interessante texto principalmente quanto aos dados apresentados. Bastante fundamentado.

Qual é a sua opinião quanto às "regras de etiqueta" pedidas por algumas empresas aos seus funcionários em seus perfis pessoais nas redes sociais?

Data: 24-03-2011

De: Lorena

Assunto: Mídias Sociais e Jornalismo

Ótimo texto, Lucas.

Com relação à publicação, sempre colcaremos um Fórum ao final, para opinão dos leitores.

Minha pergunta: como o sistema Globo tem trabalhado como Twitter? Quais as boas ações e os pontos de fragilidade?

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