Domingos diferentes

04-11-2010 21:05

Por Emerson Rodrigues
(7º período - jornalismo UNI-BH)
twitter/caminhodogol

 

Quando o árbitro Célio Amorim apitou o final do jogo entre Atlético e Ceará, no dia 6 de junho, no Mineirão, abriu-se uma lacuna no coração do belorizontino amante do futebol. Foi o última partida antes do já anunciado fechamento do estádio para a reforma visando à Copa de 2014. Depois de 44 anos e alguns meses, o “Gigante de Concreto” deixa de ser, pelos menos até o final de 2012, o endereço obrigatório dos torcedores, principalmente, nas nobres tarde de domingos.

 

Quando reaberto, o estádio Governador Magalhães Pinto oferecerá melhores condições para todos: jogadores, imprensa e espectadores. O que não estava no script é que, nesse período de fechamento do Mineirão, ocorreria também a reforma do estádio Independência. Resultado: times da capital sem casa, torcedores privados de acompanhar, de perto, os jogos.

 

Um verdadeiro choque. Senão vejamos: o Independência foi inaugurado em 1950, comportava, cerca de quarenta mil torcedores, um grande estádio para os padrões da época. O Mineirão veio 15 anos depois. Com capacidade para 130 mil torcedores, colocou Belo Horizonte, em posição de destaque, no mapa do futebol internacional e proporcionou o crescimento dos nossos clubes, especialmente de Atlético e Cruzeiro. Esse crescimento foi impulsionado pela aumento do interesse do público que lotou as arquibancadas, o setor de geral e as cadeiras.

 

A falta de planejamento do poder público ceifou parte do lazer do belorizontino. Hoje, alguns pegam a estrada e assistem jogos em Sete Lagoas e Ipatinga. Poucos são os que se deslocam até Uberlândia, cidade que também possui um belíssimo estádio.

 

Nota-se que ir ao Mineirão é um hábito. A atração principal é o jogo mas, para muitos, além da emoção da batalha esportiva travada por 11 homens de cada lado sobre o tapete verde, o estádio é um espaço de confraternização, uma espécie de divã coletivo, onde, por alguns minutos, todas as coisas realmente relevantes ficam em segundo plano, numa abstração necessária para a carga do dia-a-dia. Não é possível ignorar uma minoria de bandidos que teimam em estragar os bons momentos da maioria, cidadãos de bem, na busca por diversão traduzida no o grito de gol, no xingamento à mãe do juiz, na conversa com os amigos ou no tradicional feijão tropeiro.

 

No último dia 5 de setembro, o Mineirão completou 45 anos. Na mesa de cirurgia, esse senhor passa por uma plástica que o deixará com corpinho de 20, uma jóia renovada, inserida na beleza ímpar do conjunto das edificações às margens da Lagoa da Pampulha.

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