Do Marxismo ao Magicossísmo

08-05-2012 11:28

Com 19 canções o novo álbum do Teatro Mágico chega às lojas do país com a mesma temática circense e letras politicamente engajadas.

 

 

Andressa Resende

JRM7

andressaresend@gmail.com

 

 

           Mais novo Clipe da Trupe: "Nosso Pequeno Castelo", lançado em abril de 2012.

 

 

 

O Teatro Mágico foi criada pelo ator, músico e cantor Fernando Anitelli, 36 anos. Formado em 2003, em São Paulo, mais especificamente na cidade de Osasco, a banda, que prefere ser chamada de trupe, faz a junção de diferentes segmentos artísticos em suas apresentações. São eles: o teatro, a dança, poesia, literatura, o circo – daí a adjetivação, criada pelos fãs, e preferência da banda – além dos questionamentos políticos, todos reunidos em uma única arte, a música. Sem o apoio de gravadoras, o TM se auto-intitula como independente. A trup faz parte do seguimento conhecido, na internet, como MPB (Música Para Baixar). Os arquvos de áudio são flexibilizados pela banda para que o internauta tenha total acesso aos CDs pelo site oficial - (www.oteatromagico.mus.br) - levando a música a um público de qualquer idade e em qualquer lugar do mundo. Outra peculiar característica do TM são os integrantes que se apresentam maquiados e vestidos de palhaço, passando a ideia de que cada um de nós esconde um "personagem interno", desenvolvido meio às expressões astísticas.

 

Em oito anos de estrada, já lançaram três discografias: Entrada para Raros, no ano de 2003, O Segundo Ato, em 2009, e A Sociedade do Espetáculo, lançada este ano. O álbum mais recente foi baseado em um dos Best Sellers do autor Guy Debord, que, também, leva o nome: “A Sociedade do Espetáculo”. O escritor francês, nascido na capital Paris, em 28 de dezembro de 1938, desenvolvia trabalhos sobre os pensamentos marxistas, concebendo significado ao, então, novo estado capitalista. No livro o leitor encontra críticas à problemática mercadológica em conflito à de estado. Em termos gerais, Debord critica a modernização, pós segunda guerra mundial, a equiparação entre as mercadorias, força de trabalho e luta de classes. Temas que, até mesmo nos dias atuais, despontam guerras e desentendimentos entre os povos e nações. Guy mostra estratégias para que o receptor se distancie da realidade espetacular, em uma organização social. Para o autor a distribuição de valores de consumo levam o mundo à mecânica submissão ao trabalho. O que, para o mesmo, era sinônimo de alienação e reificação da vida humana (tudo aquilo que, em novas formas, anulava a personalidade individual dos seres e transformava o homem em “coisa”).

 

O álbum começa com uma saudação ao “respeitavel público pagão”, o que faz referência às tradições religiosas e estende-se às religiões contemporâneas, em um discurso, também marxista, de reencaixe cultural presente na sociedade moderna.  Violões, violino, guitarra, baixo, percussão, flauta, gaita, xilofone, bateria, bandolim, DJs, e muitos recursos de sonoplastia destacam-se embalando todas as dezesseis canções e três vinhetas da produção musical.

 

Os principais destaques são as músicas: “Amanhã ... Será?”, um hit que retrata as mobilizações populares em países do Oriente médio, na Espanha e no Brasil, referência do violonista do grupo, Galldino; e “Esse Mundo Não Vale o Mundo”, que refere-se ao direito ao domínio do próprio corpo, à punição por discriminação racial e à distribuição da terra, presentes na constituição brasileira. Já “Quermesse”, quarta faixa, se assemelha musicalmente ao sucesso de 2009 “Prato do Dia”. “Minha nossa, é só ficar longe, que logo eu penso em você”, proclamam os versos. A música lenta e de melodia singela, foi escrita há 15 anos e só gravada agora. Os verbos no infinitivo, característica da escrita de Anitelli, está presente na faixa de nome “Da entrega”. Até uma levada Bethes, meio anos de 1967, está presente na música “O Que Se Perde Quando os Olhos Piscam”.

 

No total são seis parcerias musicais, entre eles grandes nomes como: Leoni. Dentre as composições, em conjunto, a mais descontraída é “Novo Testamento”. Um arranjo de batida funk carioca, representando uma das maiores manifestações culturais da atualidade.

 

Todos os hits do “A Sociedade do Espetáculo” permeia por um Brasil com novas condutas de cobrança, de pessoas que se relacionam como fãs, que se contradizem na aceitação do próximo, que vivenciam o presente e o longiquo, que busca um olhar de crianças para a vida e que utilizam frases ativistas.

O trabalho tem tudo para agradar quem aprecia bons arranjos musicais, boa poesia e canções políticas. A banda agora se prepara para o oitavo aniversario, com apresentação do novo disco, em São Paulo. Mesmo sem aparições em TVs e rádios comerciáis, devido a independencia de gravadoras, o álbum tem tudo para ser um grande sucesso na internet, já que os acessos aos clipes, lançados no YouTube, passam de quinhentas mil assinaturas on line e os fãs continuam sendo os grandes divulgadores, “boca a boca”, da trup, classificando-a  como uma demonstração da realidade e ficção.

 

OUÇA A CRÍTICA EM PODCAST:

 

CURIOSIDADE

Considerando que cada álbum tem 70MB significa que, em apenas 11h a banda distribuiu mais de 14 mil cópias do seu CD.

 

FICHA TÉCNICA:

 

Banda: O teatro Mágico
Álbum: A Sociedade do Espetáculo
Ano: 2011
Gênero: Mpb
 
Músicas

01 - Proscênio
02 - Além, porém aqui
03 - Amanhã... Será
04 - Quermesse
05 - Da entrega
06 - Transição
07 - Eu não sei na verdade quem eu sou
08 - Nosso pequeno castelo
09 - O novo testamento
10 - Fiz uma canção pra ela
11 - Felicidade
12 - O que se perde enquanto os olhos piscam
13 - Tática e estratégia
14 - Folia no quarto
15 - Nas margens de mim

16 - Você me bagunça
17 - Esse mundo não vale o mundo
18 - Canção da Terra
19 - Até quando...

 

SAIBA MAIS:

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Entrevista da Trupe

Teatro Mágico no Estúdio ShowLivre - Ao Vivo

 

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