Crítica CD banda Julgamento, por Gustavo Caetano
A banda Julgamento lança um bom trabalho, com letras extremamente politizadas
Gustavo Caetano (7º período Uni-BH)
75gustavo@gmail.com
Ao ouvir o CD da banda Julgamento intitulado “No foco do C.A.O.S." fiquei surpreendido com a qualidade tanto da produção técnica, os arranjos e letras. O conteúdo não trata de forma amarga a vida cotidiana de quem mora na periferia ou a violência urbana. São constatações convincentes de quem veio para ficar e mostrar que o “Rap” amadureceu. A faixa, “Nós estamos de volta”, pontua a carreira da banda, apesar de ser o primeira compilação, demonstra a vontade dos artistas em mostrar o trabalho próprio ja que a banda possui algumas músicas gravadas em coletâneas.
Percebe-se a influência de grupos como Cypress Hill, Public Enemy, Run DMC, House of Pain e artistas nacionais como: Thaide e DJ Hum, com forte inspiração nas letras politizadas do GOG. O CD contou com participações de outros artistas como: Dokttor, Clodô D’lui, que na época liderava o Fator R...estes foram os primeiros parceiros, Muck (SOS Periferia), a Nathy Faria, o DB (Artigo 607), RAGNA, banda metaleira de Belo Horizonte e o violonista flamenco Kiko Ianni. A capa do Cd é assinada pelo artista Plástico Binho Barreto e se apresenta com imagens dos componentes bem coloridas. O título é apresentado em letras brancas contratando com a cor do resto do CD.
Uma forte característica do grupo é a presença de além dos dois DJs. Sérgio Giffoni, que assina a produção do disco e Tobias. Os Scratches, som ocasionado em movimentar o disco para frente e para traz, tomaram-se uma peculiaridade marcante das músicas deste CD. Percebe-se a influência da banda Cypress Hill na faixa “Bola da Vez” em que os Samplers, pequenas partes da musicas extraídas e manipuladas fazendo alusão a sons latinos.
A banda demonstra referências calcadas em diferentes meios e estilos para a construção de suas músicas, pautado pelo discurso politizado, pelo barulho arquitetado, pela verdade urgente, pela necessidade de comunicar seu julgamento, sua opinião para outras pessoas. Isso de uma maneira que não parece chata nem apenas uma reclamação jogada ao vento.
É o primeiro álbum da banda, antes disso eles fizeram uma “demo”, gravação promocional, com duas faixas (“fazendo o som” e “prelúdio”) em 2000, para ser distribuído em rádios comunitárias. O trabalho é uma espécie de síntese da trajetória do grupo, já que algumas composições a exemplo de “Nós estamos de volta” foram feitas há quase 10 anos atrás, e tem por finalidade apresentar o Julgamento. O disco fala basicamente de transformação, de mudança de postura e atitude em relação às coisas. Apesar do conteúdo crítico, o trabalho é otimista.
Roger Deff é um líder nato. Suas participações são sempre marcantes. Ele impõe um estilo vocal forte, influência segundo ele da banda norte americana Jurassic Five. Suas letras demonstram uma vocação para orador, sem ser pedante e fala as palavras com clareza, fazendo com que o ouvinte entenda o que quer passar em termos de conteúdo. Voz Kumallo, segundo vocalista se apresenta de forma sucinta e marcante, com um vocal que ele mesmo caracteriza de “marreta sonora”na faixa Bola da Vez. Ricardo HD, que é irmão caçula de Roger, tem uma voz refinada, mas não menos potente.
No foco do C.A.O.S. sintetiza a força que a cena do Hip Hop mineiro está tomando. Boas produções, letras inteligentes e positivas e um compromisso cada vez maior com o estilo. Um profissionalismo que antes não se via em CDs produzidos na capital, pode ser resumido por este trabalho. É uma ótima pedida para quem acha que não se produz nada novo na capital.
O disco fala basicamente de transformação, de mudança de postura e atitude em relação às coisas. Apesar do conteúdo crítico é um trabalho otimista. Os destaques são os vocais de Roger Deff e Vóz Kumallo fortes e precisos, envolvendo o ouvinte e a dielética é clara, o que é bastante em incomum nas produções de Rap Nacional.
Ouça a crítica em podcast:
Curiosidades:
- A banda Julgamento conta com 2 DJS em sua formação que é um dos diferenciais do conjunto, ja que isto não é comum entre bandas do estilo;
- Sérgio Giffoni, DJ, assina a produção do trabalho;
- O engajamento da banda em assuntos do cotidiano, vem de influencia de jornalista do lider da banda Roger Deff.
Ficha técnica:
Vocais: Roger Deff, Ricardo HD, Voz Kumallo
DJs: Giffoni, Tobias
Bateria: Gusmão
Guitarra: Helder Araújo
Baixo: Luiz Prestes
Produção musical: Sergio Giffoni
Participações especiais: Clodo de Lui, Dokttor, Nathy Faria, kiko Ianni e Ragna
Capa: Binho Barreto
Saiba Mais:
-Julgamento no festival Garimpo 2009
- Entrevista Julgamento revista Ragga
Leia também:
- Entrevista Julgamento para site Hip Hop Minas
-Batalha internacional de DJs chega a Belo Horizonte
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Tópico: Crítica CD banda Julgamento, por Gustavo Caetano
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