
Afeganistão e uma década de medo e tensão
Mesmo com a morte de Osama Bin Laden, militares americanos e aliados continuam com o combate a grupos que apóiem o terrorismo no país.
Por Stephanie Zanandrais
Localização: Ásia Central
Capital: Cabul
Idioma: oficiais: dari e pashtun
Religião: Islamismo 97,9%, outras 2,1.
Na madrugada de segunda- feira, 2/5, o mundo foi surpreendido com o pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sobre a morte de um dos homens mais procurados pelo FBI e líder do terrorismo, Osama Bin Laden. O fundador da Al-Qaeda, rede terrorista responsável pelos ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos e numerosos contra ataques civis e militares, se refugiava em uma mansão localizada em Abbottabad, no Paquistão, cidade bem próxima à capital Islamabad. Segundo Obama um pequeno grupo de militares atacou a mansão no domingo, dia 1º/5, depois de uma minuciosa investigação realizada em sigilo pela inteligência americana. Há uma década o terrorista saudita era procurado pelo exército americano e aliados da OTAN, sendo o Afeganistão o país alvo dos conflitos onde inúmeras especulações internacionais acusavam o país de acobertar e proteger Bin Laden.
Mas o Afeganistão já era palco de guerra e terrorismo antes dos atentados começarem. Na década de 1990, depois de enfrentar um período de luta contra a invasão e retaliação da União Soviética, apoiado pelos EUA, Paquistão e Irã, a milícia islâmica Talibã (plural de talib, que significa estudante, na língua pashtun) ganha poder no país. O grupo fundamentalista sunita da etnia pashtun, criado nas escolas religiosas (madrassas) do Paquistão, país vizinho, em setembro de 1996, conquista a capital, Cabul, e institui a Sharia- lei islâmica, que proibia as mulheres de trabalhar obrigando-as a usar a burca, traje que cobre todo o corpo, inclusive o rosto.
Em 1998, o Talibã dominava mais de 90% do território afegão e iniciava suas operações de atentados terroristas contra as embaixadas americanas na África. Desde então, o pais passou a ser visto pela comunidade internacional como um campo de treinamentos e concentração de terroristas. O ápice dos confrontos aconteceu nos atentados de 11 de setembro e a partir de então, começa a busca do exército americano pelo paradeiro de Bin Laden. As intervenções e os confrontos das tropas americanas e aliadas contra grupos rebeldes do Talibã e grupos terroristas da Al-Qaeda aumentaram a instabilidade política e governamental que acometia o país.
Em 2006 os ataques suicidas dos grupos rebeldes intensificam o clima de terror nas cidades. Muitos civis são mortos durante os confrontos e os militares e tropas aliadas são acusados de brutalidade contra pessoas que não tinham ligação com atividades terroristas. Em outubro de 2008 o número de soldados americanos e aliados era de aproximadamente 70 mil vindos de 40 países. Em 2010 o número de militares dobrou para 146 mil e novas estratégias foram adotadas pelo governo americano para dar fim ao conflito. Trinta mil tropas americanas adicionais e milhares de civis chegaram ao Afeganistão para aplicar a estratégia do presidente Barack Obama de reestruturar a sociedade e fortalecer o país contra o terrorismo.
Segundo a organização não governamental ARM (Afghan Rights Monitor) entre 2009 e 2010 o número de civis mortos ultrapassaram cinco mil e o número de feridos quatro mil. Ainda não foram divulgados os números de 2011, porém, no mesmo dia em que Osama foi morto, 1º/5, oito pessoas morreram e 25 ficaram feridas em vários atentados suicidas, um deles cometidos por um adolescente de 12 anos. No dia anterior, 30/3, o Talibã anunciou, em um comunicado, que iria fortalecer as operações contra bases militares, comboios e oficiais afegãos, incluindo membros do conselho de paz.
A morte de Osama Bin Laden pode levar ao enfraquecimento do terrorismo e ataques suicidas no país. Mas a insegurança sobre o risco de novas retaliações e atentados em resposta à morte do líder terrorista continua e o governo americano anunciou que vai continuar o combate contra o Talibã até que o grupo pare de apoiar a rede terrorista Al-Qaeda. A população continua sob a tensão dos ataques e confrontos, pois foram vítimas de uma perseguição em massa, na qual muitos foram presos por serem supostos seguidores de Bin Laden e há dez anos convivem com a instabilidade política, social e educacional devido ao desequilíbrio que uma guerra traz.