A zona Sul parou

08-11-2010 17:41

Por Fenando Paulino Pedro*

(7º período - jornalismo - UNI-BH)

nandopedro@globo.com

 

 Que o trânsito de Belo Horizonte está cada dia mais caótico, todo mundo já sabe. Mas uma região tem chamado à atenção nos últimos tempos. Está cada dia mais complicado o deslocamento da região do bairro Belvedere para o Centro de Belo Horizonte. O volume de veículos é tão intenso que as avenidas Nossa Senhora do Carmo e Raja Gabaglia são insuficientes para número de usuários que dependem das vias.

O caos estabelecido na região têm vários protagonistas. A Prefeitura Municipal de Nova Lima faz parte da lista de vilões dessa história. Com a preocupação única de arrecadar tributos, a administração desse município permite que empreendimentos comerciais e residenciais sejam instalados próximos a divisa com BH de forma indiscriminada. A região vai sendo tomada por condomínios e construções prediais, mesmo sem ter a miníma infra-estrutura para isso.

Não menos responsável é a Prefeitura de Belo Horizonte. Além de incorrer no mesmo erro do staff público novalimense, os donos do poder na capital ainda realizaram intervenções completamente ineficazes na Avenida Nossa Senhora do Carmo. A principal “barrigada” da Prefeitura da capital foi a criação de faixas exclusivas para ônibus. O primeiro problema dessa obra é a extensão, as faixas não contemplam nem um terço da via. Outra questão difícil de entender é fato das faixas não terem sido implantadas no ponto mais crítico da avenida, que é próximo ao Ponteio Lar Shopping.

A ligação problemática entre a zona Sul e o Centro de Belo Horizonte afeta os dois municípios de maior IDH( Índice de Desenvolvimento Humano)de Minas Gerais. Por que o governo estadual não toma a frente na situação? A resposta pode ser mais simples do que se imagina. A região Sul de BH não tem aeroporto internacional. Nenhum estádio de Copa do Mundo se localiza por ali. A Cidade Administrativa fica do outro lado da cidade. Por que o governo deveria ser preocupar então? Nada acontece na zona Sul.

Mas é claro que a responsabilidade não é só do poder público. A iniciativa privada tem sua parcela de culpa. A gerenciadora de Shoppings Centers denominada Multiplan, responsável pela administração de 13 centros de compras em vários estados brasileiros, se instalou em Belo Horizonte nos lugares mais inconvenientes possíveis. Voltado para as classes A e B, a rede gerencia 3 unidades na capital mineira: BH Shopping, Diamond Mall e Pátio Savassi. Todos se localizam na zona Sul de Belo Horizonte, estrategicamente perto do público-alvo do grupo de empreendimentos comerciais de origem carioca.

O problema é que a Multiplan se instalou em lugares que não mais suportavam edificações desse porte. Seria necessário que melhorias de infra-estrutura fossem aplicadas. Algumas coisas até são implementadas pelo grupo, entretanto, não compensam nem de longe o impacto causado pela existência dos imponentes shoppings do grupo. Talvez seja difícil para empresa alocar recursos para minimizar o caos que ela ajuda a provocar, afinal, uma administradora de empreendimentos voltados para as classes A e B deve passar por grandes dificuldades financeiras.

 

* Fernando Paulino Pedro é estudante do 7º período de jornalismo no Centro Universitário de Belo Horizonte.

 

 

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