A Revolução 2.0

27-04-2012 21:16

As redes sociais foram cruciais para a eclosão dos protestos árabes

 

Por Bianca Nazaré e Fábio Emiliano

 

A Primavera Árabe tem início com o episódio de um jovem tunisiano, que ateou fogo ao próprio corpo como forma de repúdio contra as condições de vida no país. Como forma de manifestação, a Tunísia foi tomada por uma série de protestos que culminou na fuga do presidente Zine El-Abdine Bem Ali para a Arábia Saudita. Zine El-Abdine estava no poder desde novembro de 1987.

 

Em seguida, os protestos se estenderam pelo Egito, causando a saída do presidente Hosni Mubarak, no poder a 30 anos.  Mubarak renunciou alguns dias depois do início dos protestos populares, no Cairo, capital do Egito. A Líbia derrubou Muamar Kadafi, ditador com maior tempo de poder da região: desde 1969.  Em agosto de 2010, Kadafi foi capturado e morto em um buraco de esgoto em Sirte, sua cidade natal.

 

As nações árabes, por tradição, são governadas por monarquias absolutistas, ditaduras militares ou teocracias, elas controlam alguma das maiores reservas de petróleo do mundo.O último ditador a cair foi Ali Abdullah Saleh, presidente do Iêmen, depois de ser gravemente ferido em um atentado contra a mesquita do palácio presidencial em Sanaa.Com as manifestações contra a inflação, desemprego e restrições políticas, a população da Tunísia e Egito foram às urnas no primeiro ano da Primavera Árabe. Os dois países tiveram partidos islâmicos eleitos.

 

A repressão da liberdade de expressão no Oriente Médio e Norte da África está representada no Índice de Liberdade de Imprensa, realizado anualmente pela ONG Repórteres Sem Fronteiras. As nações árabes ocupam os últimos lugares no ranking elaborado pela ONG. A Tunísia ocupa a 134ª posição, Líbia 155ª, Egito 166ª, Iêmen 171ª e a Síria 176º lugar no quesito liberdade de imprensa. No total, foram considerados 179 países.

 

Apesar disso, o Brasil está na temível 99ª posição, devido ao número de mortes de jornalistas, no último ano. Seis profissionais de comunicação morreram ou foram assassinados no país, em 2011, segundo a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ).A negação da liberdade de imprensa nesses países é confirmada com a proibição da entrada de jornalistas internacionais e pela punição de profissionais da área, ou ainda, com o sequestro ou assassinato.

 

Tal fato impede que o mundo conheça a realidade deste povo. Contudo, o que os ditadores desses países não esperavam era a transformação de uma “inocente” ferramenta em uma arma letal para a continuidade dos governos totalitários nos arredores do Oriente Médio.  Os poucos possuidores de internet desses países fizeram com que as principais redes sociais permitidas, como o Facebook e Twitter, servissem de palanque para o chamado coletivo de militantes em busca da liberdade e da luta pela queda da repressão.

 

O sucesso dos protestos na Tunísia, após a fuga do ex-presidente Zine el-Abdine Ben Ali, foi a faísca que faltava para fazer explodir o que ficou conhecido com a Revolução 2.0. Utilizar a tecnologia foi o meio encontrado para acabar com um estilo de governo que as pessoas desses países não queriam mais. Por não terem voz e nem poder político, a tecnologia se integrou com a coragem e o ódio coletivo.

 

É impossível imaginar que o mundo continue caminhando ao lado de forças que ainda tentam calar e subjugar um povo. Pela internet e pelas redes sociais, principalmente, são formados novos coletivos que ganham força política no mundo todo. É o caso dos Estados Unidos, nas eleições que colocaram o primeiro negro na presidência do país.

 

SAIBA MAIS:

Retrospectiva da Primavera Árabe

Repressão na Síria

Site oficial dos Repórteres Sem Fronteiras

 

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Internet e Redes Sociais: as novas armas do povo

 

 

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