A real democracia do mundo virtual

21-03-2011 22:17

Por Anderson Naupe

 

 

Uma nação democrática – de verdade – é o sonho de consumo (sic?) de grande parte dos filósofos políticos do mundo. Isso ocorre desde a época em que o termo foi se amadurecendo, após o derramamento de sangue francês no século XIII.

 

Ao esquecermos os valores de juízo que questionam a tecnologia e desenvolvimento aplicado em ciência política à qual estamos acostumados; ou seja, que nós, ocidentais, somos “desenvolvidos” por termos uma maioria de repúblicas adapatadas ao sistema democrático, podemos, enfim, afirmar que o mundo caminha para uma igualdade política na qual o regime de governo democrático é o ideal, ao menos para o acúmulo de capital (tema para outro discurso).

 

Mas para quê tais doces sendo passados em suas lábias?

 

Para discutirmos a opinião de alguns poucos que vão contra “toda” uma nação e, assim, mostram que aquela nação, na verdade não estava pensando como um corpo único. É o caso dos marcantes acontecimentos do Irã. Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do país, detém os poderes da nação com mão de ferro. Por lá, protestos dificilmente viravam revoltas ou mesmo teriam conhecimento mundial pelo simples fato de as rédeas dos meios de comunicação estarem nas mãos de Ahmadinejad.

 

Mais uma vez, quem somos para determinar, com total clareza, qual a forma ideal de governo, um totalitário ou um democrático? Principalmente quando percebemos que o mundo não parece concordar com o desenvolvimento pregado pelos países desenvolvidos. Contudo atrocidades e violêcia fazem parte da natureza de uma pequena minoria. E, mesmo mexendo na gaveta de roupa íntima de países com tradições diferentes das nossas, afrontar protestantes com tiros no peito ainda (e tomara que continue assim) não é o correto. Um governo visa representar seu povo e não pode, em uma situação controlada, decidir resolver o problema partindo para o abate dos manifestantes.

 

Foi o que aconteceu com Neda, uma jovem iraniana que presenciava um protesto na capital do país, Teerã. Ela seria “apenas mais um dado estatístico” se a democracia não fosse indomável no ambiente virtual. E é aqui que está o pulo do gato dos oprimidos no contexto atual.

 

O último minuto de vida de Neda foi filmado pelo celular de um homem que, posteriormente (sem eu ter como afirmar todo o trâmite certeiro) foi entregue a um blogueiro. Este disponibilizou o vídeo na internet e nos gigantes da imprensa BBC e CNN e em pouco tempo o mundo ocidental e democrático pôde ver uma cena incomum.

 

Mas a reação mais importante veio daqueles que compartilhavam a mesma realidade. Cidadãos de outros países oprimidos por seus líderes e mesmo do Irã se surpreenderam com um poder ao qual haviam experimentado em raras e minguadas frações, a democracia. Infelizmente não aquela que deveriam ter por direito, mas uma que todos no mundo virtual têm. A ponta do iceberg da crise no oriente médio fez-se vista.

 

O reforço do poder da opinião e da informação de cada cidadão  ganhou notariedade pelo seu conteúdo. Não estavam mais enclausuradas em redações vendidas ou censuradas, de jornalistas anti-éticos ou orgulhosos e, até mesmo, em mãos alguma!

 

O mundo ganhou redações de imprensa multimídia na mesma proporção em que nascem pessoas sobre ele. Não havia mais governos que conseguissem controlar a necessidade do povo se expressar, ou jornais capazes de estar onde TODO o lugar onde acontece (??) algum fato noticiável (até o noticiável perdeu status). A competição deixou de ser desleal para inexistir. Pelo contrário, apesar de ainda não saber lidar direito com isso, a imprensa deverá enxergar essa nova realidade como uma aliada.

 

Algumas mudanças já podem ser vistas. O recente terremoto que devastou a costa nordestina do japão e o tsunami resultante dele, que foi um pouco mais além no indicador destruição, já foi tratado pelos grupos de mídia de uma outra forma. Bastou se identificar o inimigo. Ele não é mais o cidadão brigando por  audiência como se pensava.

 

O inimigo é a impotência que o veículo tem em estar em todos os locais; de cobrir todos os assuntos. O aliado é aquele público que agora se vê como co-autor. Se na TV, no impresso ou mesmo no rádio só a nata do que é enviado as redações “sai”; nos portais web tem espaço pra todo mundo. A regionalização possibilita a publicação em ferramentas da própria imprensa, como blogs. O twitter virou verdadeiro jornal de nicho (alimentado, em sua maioria, por jornalistas sem remuneração) e os sites de relacionamento se tornaram espaços para a discussão de temas profundos (mesmo que não o sejam para nós, às vezes). É a real democracia do mundo virtual.

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Data: 25-03-2011

De: Anderson Pereira

Assunto: Imprensa nas mídias sociais.

Acompanho as tradicionais empresas de imprensa e creio que elas ainda não se adequaram ao propósito das mídias sociais.

A questão para isso é simples, já que tais ferramentas personificariam virtualmente estas organizações. Entretanto a matéria-prima da comunicação percorre questões paradoxais, como formação de opinião e a impossibilidade de o jornalista recortar o fato em sua totalidade. O resultado são perfis que promovem as manchetes de suas mídias tradicionais para seu público. Eu não me sinto mais próximo da @CartaCapital, da @BandNewsBh e até mesmo da @RadioItatiaia (só para exemplificar a utilização destes no twitter). Eles são genéricos em suas postagens.

O contrário ocorre com os profissionais dos mesmos veículos. No Facebook e no twitter , profissionais como @Samuelvenancio, @Danigol, @PBial, @RealwWBoner e outros são emissores de opiniões embasadas pelo trabalho de apuração pago pelos veículos que os empregam. Acontece a aproximação do jornalista com o público ao mesmo tempo em que as empresas jornalísticas se distanciam cada vez mais deste mesmo público.

Entre interessados em informação e colegas do meio acadêmico a existe a forte tendência de se abandonar a macro abordagem de gigantes como a Globo e a Folha de S.Paulo para o acolhimento da abordagem de nicho dos profissionais que lá trabalham. Pode haver um colapso, já que a maior parte dos jornalistas depende do aparato das empresas para se fazerem formadores de opinião, o que não são no apanhado de produtos destas mesmas empresas.

Data: 24-03-2011

De: Lorena

Assunto: Mídias Sociais e Jornalismo

Oi Anderson,

Você optou por começar seu texto falando da crise no Irã, mas se não abordar também o Egito, a Síria e a crise no Oriente Médio, sua crítica fica velha. Pode até utilizar o Irã como a primeira de várias outras, mas é preciso citá-las.

Com relação à edíção, vamos sempre trabalhar com um bigode, em itálico e inserir um fórum abaixo de cada texto publicado. Também sugiro que marque palavras-chave ou frases em todos os parágrafos, caso contrário o leitor passará por elas sem a devida atenção.

Sobre o seu texto, chamo atenção para um parágrafo em que coloquei uma interrogação. Por favor, reveja o sentido da frase.

Ainda sobre estilo, sugiro não utilizar aspas para enfatizar ou relativizar o significado de uma palavra. Este artíficio acaba por denotar uma dificuldade em encontrar uma forma mais apropriada de expressar suas ideias.

Minha pergunta: vc fala da participação do cidadão na veiculação de notícias nas redes sociais. E como as empresas tradicionais de comunicação têm utilizado essas ferramentas? Cite exemplos.

Data: 25-03-2011

De: Anderson Pereira

Assunto: Re:Mídias Sociais e Jornalismo

Acompanho as tradicionais empresas de imprensa e creio que elas ainda não se adequaram ao propósito das mídias sociais.

A questão para isso é simples, já que tais ferramentas personificariam virtualmente estas organizações. Entretanto a matéria-prima da comunicação percorre questões paradoxais, como formação de opinião e a impossibilidade de o jornalista recortar o fato em sua totalidade. O resultado são perfis que promovem as manchetes de suas mídias tradicionais para seu público. Eu não me sinto mais próximo da @CartaCapital, da @BandNewsBh e até mesmo da @RadioItatiaia (só para exemplificar a utilização destes no twitter). Eles são genéricos em suas postagens.

O contrário ocorre com os profissionais dos mesmos veículos. No Facebook e no twitter , profissionais como @Samuelvenancio, @Danigol, @PBial, @RealwWBoner e outros são emissores de opiniões embasadas pelo trabalho de apuração pago pelos veículos que os empregam. Acontece a aproximação do jornalista com o público ao mesmo tempo em que as empresas jornalísticas se distanciam cada vez mais deste mesmo público.

Entre interessados em informação e colegas do meio acadêmico a existe a forte tendência de se abandonar a macro abordagem de gigantes como a Globo e a Folha de S.Paulo para o acolhimento da abordagem de nicho dos profissionais que lá trabalham. Pode haver um colapso, já que a maior parte dos jornalistas depende do aparato das empresas para se fazerem formadores de opinião, o que não são no apanhado de produtos destas mesmas empresas.


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