A mídia sou eu

17-03-2011 10:45

Por Kátia Brito

O quarto poder dividido entre jornalistas e usuários de redes sociais 


Já pensou que eu e você somos jornalistas informais? Digo informais porque não recebemos e nem temos carteira assinada especificando nossa profissão como jornalista. Porém, com a internet cada vez mais acessível e com a borbulhante esfera das redes sociais todo mundo virou produtor de informação. E não é só para as editorias mais classudas como política e cidades; para todo e qualquer assunto existe um conteudista. 

 

Para você ser classificado desta forma não precisa ter muita coisa. Na verdade, precisa de ter acesso à internet. Aí depois é só entrar no facebook, twitter e montar seu blog, sem esquecer, é claro, de um bom celular que filma e fotografa e olha que nem precisa ser de 12 megapixels. 

 

Com essa nova realidade da informação empresas de comunicação e jornalistas abriram mão de seu status de detentor das fontes, dados e informações e abriram espaço no quarto poder para estudantes, donas de casa, vendedores e pipoqueiros participarem da linha de produção noticiosa. 

 

Entretanto, não se anime achando que vai roubar o lugar do Bonner ou do Clóvis Rossi porque mesmo eu e você sabendo de muitas coisas e estando em lugares que não se parecem nada com uma redação, isso não nos dá o direito de nos julgarmos independentes desses profissionais. Podemos escrever bem, ser ágeis e dar furos que muitas vezes eles não conseguem dar, mas ainda assim não temos o mesmo refino, olho e infelizmente credibilidade que eles. 

 

Digamos que somos aquele parceiro distante e que em muitas ocasiões vai dar sugestões de pauta e fonte e fornecer uma informação em tempo real que eles vão oferecer minutos ou horas depois. O interessante disso tudo é saber que tanto o grisalho do Bonner quanto a genialidade do Clóvis Rossi estão ali, lado a lado com sua foto no Twitter e muitas vezes trocando “olá”, “bom dia” e até mesmo retuitando nossas frases de 140 caracteres. 

 

Escrevo isso hoje, 17 de março de 2011 e creio que até 1 ano muitas coisas nas mídias sociais e na mídia nacional serão modificadas. O tempo não pára, a internet está encontrando novos lares, mentes inteligentes e criativas criam sites e softwares que superam até mesmo a nossa agilidade de raciocínio e novos jornalistas são formados com um perfil diferenciado dos que estão no mercado. 

 

Juntando tudo isso e mais outras coisas que eu não sei por que ainda serão inventadas veremos um jornalismo diferente, um uso potencializado das mídias sócias e pessoas anônimas tornando-se públicas porque encontrou na internet um meio de informação e ao mesmo tempo de vida. 

 

Não se assuste se você se deparar com redações convergentes, isso é um assunto que dá para transformar em monografia, pessoas cada vez mais jovens, tecnologias avançadas, revistas e jornais impressos reduzidos a livros de bolso e informação instantânea que não acaba mais. Muito futurista? Estilo Steven Spielberg? Nada disso. 

 

Lembra do filme De volta para o futuro? Ele é de 1985, eu tinha meses ou ainda estava na barriga da minha mãe. No longa você pode ver televisões de tela plana, celular e meios de transporte modernos. Na época todo mundo assuntou e nem acreditava ser possível ter uma televisão tão fina e um celular tão funcional e o que vemos hoje? Ficção transformada em realidade. 

 

Ou seja, creia que, em breve, tudo o que você vê no youtube como previsão para o futuro da internet e seu uso no jornalismo como uma realidade possível e não muito distante. Quem sabe o “tuiteiro” de hoje não será o editor chefe de amanhã? Nunca se sabe...

 

 

Dê sua opinião

Data: 23-03-2011

De: André

Assunto: Comentário

Interessante a forma como você tratou do tema, Kátia. Especialmente quando coloca os pontos de identificação e distanciamento entre os produtores de informação modernos e os jornalistas com carreira consolidada. De fato, a importância das mídias sociais é descomunal.
Ao falar desse contato com o público, inevitavelmente me lembrei do caso Boris Casoy, no Jornal da Band. Se a ofensa do jornalista ao varredores de rua não tivesse essa repercussão toda na internet, no Youtube, será que teriamos uma retratação por parte dele em rede nacional? Acho que não.
As mídias sociais dão voz às pessoas. É uma forma delas se manifestarem, fazerem informação e cobrar daqueles que tem credibilidade. Dialogar com eles.

Pergunta: Qual o reflexo negativos dessa liberdade na divulgação de informações na web?

Data: 08-04-2011

De: Kátia Brito

Assunto: Re:Comentário

O principal reflexo negativo é a perda da noção do que é ético e anti-ético em relação a empresa, fontes oficiais e principalmente aos personagens que agora podem vigiar mais de perto o que os jornalistas andam publicando.

Abraços e obrigada!

Data: 20-03-2011

De: Lorena

Assunto: Mídias Sociais e Jornalismo

Legal o texto, Kátia.

Você se ateve a um aspecto das mídias sociais e o desenvolveu com um texto bem articulado.

Com relação à edição, lembre-se de sempre inserir um Fórum ao final do texto para os comentários.

Minha pergunta para você: como cidadãos e jornalistas utilizaram as mídias sociais em eventos de comoção mundial como o terremoto no Japão e as manifestações no Egito e Siria?

Data: 23-03-2011

De: Kátia Brito

Assunto: Re:Mídias Sociais e Jornalismo

Lorena,

Semana passada li um artigo na revista Exame que tratava exatamente sobre como as mídias sociais passaram a frente da grande imprensa na divulgação das manifestações no Egito e na Síria. Pude acompanhar por meio do meu twitter que na primeira semana do terremoto no Japão pessoas enviaram várias mensagens, surgiram "retuites" de ONG'S, governo federal e até mesmo de pessoas com vídeos e fotos. Todas as três situações foram muito "tuitadas" por pessoas comuns. Jornalistas também usaram a rede para divulgar textos, fotos e informações sobre a situação local de cada país. Porém, pude ver que o volume de informações oficiais ou não oficiais vieram por parte de cidadãos comuns que buscavam publicar vídeos, fotos e até mesmo textos que ainda não haviam sido divulgados na mídia.
O artigo que citei inclusive falou sobre a antecipação que os cidadãos conseguem em relação aos jornalistas, pois egípcios e sirios já divulgavam em seus blogs, facebook e twitter o que estava por vir e quando a mídia teve conhecimento o circo já estava pegando fogo. Esse, jornalista, que não recordo o nome, disse também que os jornalistas precisam antecipar os fatos, já que segundo ele, as manifestações políticas no Egíto e na Síria poderiam acontecer a qualquer momento. Ele afirma que a imprensa precisa atentar para os fatos antes que eles se concretizem. No caso do Japão isso não era possível, já que estamos falando de uma catástrofe causada por forças da natureza.
Sem falar é claro nos top tweetes no qual apareceram e ainda aparecem Japão, Síria e Egito todos os dias.

Procurar no site

Tags

Crie o seu site grátis Webnode