
A mídia sou eu
Por Kátia Brito
O quarto poder dividido entre jornalistas e usuários de redes sociais
Já pensou que eu e você somos jornalistas informais? Digo informais porque não recebemos e nem temos carteira assinada especificando nossa profissão como jornalista. Porém, com a internet cada vez mais acessível e com a borbulhante esfera das redes sociais todo mundo virou produtor de informação. E não é só para as editorias mais classudas como política e cidades; para todo e qualquer assunto existe um conteudista.
Para você ser classificado desta forma não precisa ter muita coisa. Na verdade, precisa de ter acesso à internet. Aí depois é só entrar no facebook, twitter e montar seu blog, sem esquecer, é claro, de um bom celular que filma e fotografa e olha que nem precisa ser de 12 megapixels.
Com essa nova realidade da informação empresas de comunicação e jornalistas abriram mão de seu status de detentor das fontes, dados e informações e abriram espaço no quarto poder para estudantes, donas de casa, vendedores e pipoqueiros participarem da linha de produção noticiosa.
Entretanto, não se anime achando que vai roubar o lugar do Bonner ou do Clóvis Rossi porque mesmo eu e você sabendo de muitas coisas e estando em lugares que não se parecem nada com uma redação, isso não nos dá o direito de nos julgarmos independentes desses profissionais. Podemos escrever bem, ser ágeis e dar furos que muitas vezes eles não conseguem dar, mas ainda assim não temos o mesmo refino, olho e infelizmente credibilidade que eles.
Digamos que somos aquele parceiro distante e que em muitas ocasiões vai dar sugestões de pauta e fonte e fornecer uma informação em tempo real que eles vão oferecer minutos ou horas depois. O interessante disso tudo é saber que tanto o grisalho do Bonner quanto a genialidade do Clóvis Rossi estão ali, lado a lado com sua foto no Twitter e muitas vezes trocando “olá”, “bom dia” e até mesmo retuitando nossas frases de 140 caracteres.
Escrevo isso hoje, 17 de março de 2011 e creio que até 1 ano muitas coisas nas mídias sociais e na mídia nacional serão modificadas. O tempo não pára, a internet está encontrando novos lares, mentes inteligentes e criativas criam sites e softwares que superam até mesmo a nossa agilidade de raciocínio e novos jornalistas são formados com um perfil diferenciado dos que estão no mercado.
Juntando tudo isso e mais outras coisas que eu não sei por que ainda serão inventadas veremos um jornalismo diferente, um uso potencializado das mídias sócias e pessoas anônimas tornando-se públicas porque encontrou na internet um meio de informação e ao mesmo tempo de vida.
Não se assuste se você se deparar com redações convergentes, isso é um assunto que dá para transformar em monografia, pessoas cada vez mais jovens, tecnologias avançadas, revistas e jornais impressos reduzidos a livros de bolso e informação instantânea que não acaba mais. Muito futurista? Estilo Steven Spielberg? Nada disso.
Lembra do filme De volta para o futuro? Ele é de 1985, eu tinha meses ou ainda estava na barriga da minha mãe. No longa você pode ver televisões de tela plana, celular e meios de transporte modernos. Na época todo mundo assuntou e nem acreditava ser possível ter uma televisão tão fina e um celular tão funcional e o que vemos hoje? Ficção transformada em realidade.
Ou seja, creia que, em breve, tudo o que você vê no youtube como previsão para o futuro da internet e seu uso no jornalismo como uma realidade possível e não muito distante. Quem sabe o “tuiteiro” de hoje não será o editor chefe de amanhã? Nunca se sabe...