A loucura extasiada

19-04-2012 21:58

Madcap Laughs traz em sua essência o perfil de Syd Barret, ex-líder do Pink Floyd

Diogo Henrique Silva - JRN7

Quando se fala em Pink Floyd, vem a nossas cabeças grandes álbuns conhecidos e famosos mundialmente, como The dark side of the moon e The Wall. Um dos maiores sucessos do grupo, para muitos o maior, o hit Wish you were here, é inspirado em uma pessoa essencial para o grupo, mas que devido aos problemas com dependência química precisou ser afastado da trupe. Estou falando de Syd Barret, fundador e guitarrista do grupo britânico. Barret ficou conhecido por suas performances frente à banda nos palcos. Conduzido por bebidas e drogas, Syd muitas vezes fazia os shows de forma bizarra e afastada do grupo. Sentava no palco e ficava vendo o restante da banda se apresentar. Esse foi o principal fator que fez o artista ser desligado do grupo: a sua loucura e as drogas. Em carreira solo, Syd produziu dois ábuns e sendo o primeiro a essência de sua obra: “Madcap Laughs”.

Depois de ter deixado o grupo que fundou, Barrett começou a gravar algumas músicas com o seu então empresário Peter Jenner em maio de 1968. Apesar das gravações serem curtas e de eles terem produzido um material de qualidade, o projeto foi abandonado por quase um ano enquanto Syd enfrentava uma fase marcada por dependência química. Músicos contratados na verdade, membros do Soft Machine e Jerry Shirley do Humble Pie, foram chamados para incrementar as músicas de Syd.

Uma das características do álbum foi que as músicas de Syd, muitas vezes, eram previamente gravadas com ele e seu violão, com Barret pulando e adicionando ritmos completamente à vontade. Depois de meses e meses de gravações descontínuas, o álbum pode finalmente ser julgado completo.

"Octopus", primeira faixa do disco, foi lançada com single em novembro de 1969 e o álbum só foi lançado em 3 de janeiro de 1970. Ele alcançou o 40º lugar nas paradas do Reino Unido, embora muitos críticos tenham desde então apontado a exposição de algumas músicas, como "Dark globe" e "Feel", como sendo um desepero e uma reflexão do angustiado estado mental de Barrett.

Levando em consideração o estado de Syd Barret percebe-se que as principais idéias para o cd haviam sido desenvolvidas muito antes na sua fase de Pink Floyd. Para um fã de Pink Floyd é inevitável a comparação desta obra com o primeiro disco da trupe: The piper gates of dawn. O único álbum feito sob liderança de Barret. A coletânea solo, que tem letras caprichosas sobre espantalhos, bicicletas e contos de fadas com passagens instrumentais de rock psicodélico.

Um virtuosismo agregado ao experimentalismo deixando para o ouvinte que a música seria algo secundário da obra. O cd parece ser a maneira com que Barret conseguiu expressar os seus sentimentos de forma peculiar e verídica.

OUÇA A CRÍTICA EM PODCAST:

CURIOSIDADES:

- Peter Jenner, um dos produtores, é o dono da voz de abertura da música “Astronomy domine”, do álbum “The Piper at the Gates of Dawn, do Pink Floyd.

- A mulher que aparece nua na contra-capa do álbum é a namorada de Syd da época, uma modelo conhecida apenas por Iggy the Eskimo ("Eskimo" devido a sua ascendência esquimó).

FICHA TÉCNICA:

Madcap Laughs

Ano: 1970

Gravadora: Harvest

Duração: 37:48

Gênero: Rock psicodélico

Faixas:

01 - Terrapin (5:04)

02 - No Good Trying (3:26)

03 - Love You (2:30)

04 - No Man's Land (3:03)

05 - Dark Globe (2:02)