A internet em xeque

28-09-2011 09:28

Diante do mau uso dos próprios usuários, cabe pensar em alguma forma de restrição

 

Por Thiago Almeida

 

A internet, o espaço mais democrático existente na atualidade, onde milhares de pessoas têm o poder de se fazer ouvir e/ou ver, espaço onde quem consome notícias, também pode produzi-las, tem sido usada para denunciar atos de horror, através do horror. As redes sociais participam efetivamente das lutas de classes, contra os opressores, sendo utilizadas por sujeitos que defendem, muitas vezes, não o seu bando, mas apenas o próprio umbigo. Num mundo onde qualquer celular que contenha uma câmera, com a menor resolução disponível, é capaz de capturar um momento, milhares de registros inundam a rede mundial de computadores, dando visibilidade a fatos presenciados por poucos, mas que em seguida serão do conhecimento de incontáveis pessoas.

 

No caso da revolta ocorrida no Irã, uma mulher foi baleada no meio da rua e o vídeo da violência rodou o mundo através do facebook. O detalhe fica por conta das imagens chocantes. O jornalismo, responsável por reportar a todos os cidadãos o que de mais importante se passa na contemporaneidade, entra em uma encruzilhada: mostrar ou não o tal vídeo para ilustrar a notícia de uma revolta que matou uma pessoa? A prova do quão longe foi o ser humano durante uma situação de caos que buscava, quem sabe, a paz, nada mais é do que uma imagem em movimento que provoca tontura em qualquer ser vivo, tamanha a barbaridade da cena. Mas antes mesmo de decidir se as imagens serão veiculadas pela imprensa, é importante ressaltar que as imagens foram feitas, documentadas pela própria imprensa.

 

Pois então, as perguntas são: cabe mesmo ao jornalista registrar tamanho assombro? Até que emitisse o seu último suspiro, banhada em seu sangue, a mulher continuou a ser filmada. O quão desumano é isso? Até que ponto o profissional se separa do humano permitindo que um homem permaneça com uma câmera ligada, apontada para uma mulher atingida por um projétil, sangrando até extinguir-se?

 

Neste ponto, também cabe refletir sobre uma possível restrição dos conteúdos upados na internet feitas pelos próprios servidores, mesmo diante de um nível incomensurável de informação. Isto talvez diminuísse a número de vídeos, imagens, textos, arquivos de áudio etc que tanto chocam o mundo. O espaço virtual mais democrático do mundo real coloca-se em xeque diante da má administração feita pelos próprios usuários.

 

Saiba mais:

 

- Vídeo: Programa sem Fronteiras (Rede Globo). Site: Vimeo.com

 

 

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