A história que passa por Jango

19-04-2012 22:02

Documentário elucida pontos escuros da história brasileira

 

Lucas Garabini - JRN 7

lucasgarabini@hotmail.com

O documentário Jango (1984) reproduz um dos momentos mais marcantes e misteriosos da nação brasileira: o governo de João Goulart (1961-1964), presidente deposto pelo golpe militar 1964. O documentário aproveita o momento político de 1984, ano em que foi produzido e quando se vivia nas ruas o debate da campanha Diretas Já, para fazer um discurso de apêlo pela volta da democracia e a superação de um período nefasto da história brasileira: a ditadura militar.

 

É bem verdade que, o diretor do documentário, Sílvio Tendler, caminha para um sectarismo inconveniente ao especatador, quando tenta pintar de ouro a figura do então presidente Jango. No entanto, é competente ao construir uma relação de causa e efeito entre as posições políticas de João Goulart e o cenário político que se apresentou posteriormente. Tendler vê a situação  de crise que atravessava o país, como algo relevante para explicar historicamente os fatos que se sobrepuseram: o bi-polarismo político promovido pela divisão do mundo entre comunismo e capitalismo, a crise econômica, o golpe de 64 e, por fim, o regime militar que perdurou por mais de 20 anos, com marcas de um governo autoritário e sanngrento.

 

Segundo o diretor, era necessário mostrar um projeto político, econômico e social que contemplasse o lado de justiça social e, para Tendler, este projeto estava em João Goulart. Do lado contrário estava o regime, tratado no documentário, como um governo feito para os ricos e poderosos.

 

Jango é muito bem desenvolvido por mostrar de maneira aprofundada e bem documentada, aquilo que mais tarde seria visto como um dos maiores crimes civis e políticos da política brasileira. Neste sentido, conta com vários depoimentos de figuras políticas, intelectuais e culturais que vivenciaram e acompanharam de perto, o momento político brasileiro da época, tornando a narrativa autêntica e viva.

 

Os relatos prtendem comprovar (não somente) que Jango tinha uma preocupação com a justiça social, mas que contava com o apoio popular. Ao lado de depoimentos de militares, participantes do golpe e militantes de organizações favoráveis ao regime, estão também os depoimentos daqueles que aprovam e reforçam a imagem positiva do governo Jango, mesmo que não se refiram diretamente a ele.

 

“Jango” foi bastante premiado. Recebeu o Troféu Margarida de Prata – conferido pela Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB); o Prêmio Especial do Júri, como melhor filme  e melhor trilha sonora do Festival de Gramado (1984); o Prêmio Especial do Júri de Havana (1984)  no Festival Internacional Del Nuevo Cine Latinoamericano de Cuba (1984). Além do que, teve uma bilhetria surpreendente e significativa para um filme do gênero de documentário, com um milhão de espectadores.

 

Não há duvida de que “Jango” é obra indispensável para reconstruir um dos momentos políticos mais marcantes da história brasileira, pois mesmo tendo passado tanto tempo, muitos pontos ainda insitem em ficar escondidos.

 

OUÇA A CRíTICA EM PODCAST:

 

 

Curiosidades:

 

*Na versão oficial, o ex-presidente João Goulart, morre em 6 de dezembro de 1976 de ataque cardíaco. Até hoje existe a suspeita de que Jango tenha morrido por fruto de uma conspiração da Operação Condor, uma aliança militar entre os governos do Barsil, Argentina, Uruguaia e Paraguai.

 

*Jango é o documentário com  a sexta maior bilheteria do cinema brasileiro.

 

*Em novembro de 2008, a viúva de Jango, Maria Tereza Goulart, teve seu pedido de indenização e ansitia acatado pelo Ministério Público Federal. Ela recebe pensão de R$ 5.500, referente ao salário de um advogado sênior, profissão de seu marido.

 

Ficha Técnica:

Título original: Jango
Gênero: Documentário
Duração: 117min.
Lançamento (Brasil): 1984
Distribuição: Caliban Produções Cinematográficas
Direção: Sílvio Tendler
Roteiro: Sílvio Tendler e Maurício Dias
Produção: Hélio Paulo Ferraz
Produtor Associado: Denize Goulart, Antônio José da Matta, Francisco Sérgio Moreira, Geraldo Ribeiro, José Wilker, Lúcio Kodato, Maurício Dias, Milton Nascimento, Sílvio Tendler e Wagner Tiso
Co-produção: Caliban Produções Cinematográficas e Rob Filmes
Música: Wagner Tiso e Milton Nascimento
Som: Geraldo Ribeiro
Fotografia: Lúcio Kodato
Edição: Francisco Sérgio Moreira

Elenco:

José Wilker (Narração)
 

Depoimentos:

Antônio Carlos Muricy
Leonel Brizola
Aldo Arantes
Afonso Arinos
Magalhães Pinto
Celso Furtado
Frei Betto

Leia também:

 

Crítica do Site MnemoCine

Crítica do blog Café Histótria

Critica do blog Virgílio Freire

 

Saiba mais:

 

Artigo sobre o Golpe de 64

Instituto João Goulart

Ficha técnica do filme no Internet Movie Data Bade (IMDB)

 

Tópico: A história que passa por Jango

Não foram encontrados comentários.

Procurar no site

Tags

Questionário

Qual sua opinião sobre o período da ditadura militar?

Importante para o país. (6)
26%

Um retrocesso político, social e cultural. (6)
26%

Deveria ser mais pesquisado para ser mais esclarescido (6)
26%

Indiferente (5)
22%

Total de votos: 23

A galeria de fotos está vazia.