
A Copa do Mundo é nossa?
Por Ana Carolina Dias
(7º período - Jornalismo UNI-BH)
A manchete “Governo estadual prevê colapso nos acessos a BH”, traz à minha mente ideias de caos e impotência. Uma forma de ilustrar seria levar o leitor a uma das cenas do filme “Impacto Profundo”. Ameaçados pela colisão de um cometa com a Terra, os cidadãos, desesperados para fugir, entopem as vias de acesso às cidades norte-americanas e ficam todos presos nas estradas, sem ter para onde ir.
No primeiro caso, o perigo é eminente para os belorizontinos e vai além da ficção cinematográfica. O governo de Minas prevê que, na véspera dos jogos da Copa do Mundo de 2014, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves e o Anel Rodoviário operarão com capacidade saturada. Ou seja, não bastassem as péssimas condições de infra-estrutura do aeroporto para nos atender e as dezenas de acidentes noticiados no Anel diariamente, vamos receber mais gente para ver a situação precária em que nos encontramos. Quem sabe, talvez, algum dos visitantes não queira nos dar uma mãozinha.
As previsões são de que a capacidade de passageiros de transportes aéreos em 2014 exceda em 27,5% o calculado pela Infraero. Já a rodovia precisará ter seu traçado re-elaborado, com obras previstas para meados de 2013 e consequente conclusão só após a Copa. Imagine as comissões técnicas presas como ratos de laboratório nas frias galerias do aeroporto. Ou ainda pessoas que querem ver “o maior espetáculo da Terra” dentro de seus carros, parados em engarrafamentos, no calor do asfalto, sem nenhuma opção de saída.
Pode parecer um pouco dramático. Mas, se não temos hotéis, estacionamentos, transporte público e vias de acesso com condições de suprirem as necessidades de mais de 2 milhões de habitantes no dia a dia da capital mineira, já era de se imaginar que não haveria condições suficientes para receber pelo menos mais 9,17 milhões de passageiros esperados para o ano da Copa. O que intriga é tentar entender porque tantas previsões e projeções que surgem agora, divulgadas por meio dos próprios governos, não foram feitas na época de candidatar a cidade, o estado e até o país para sede de um evento de tanta grandeza.
Estamos em um ponto que, a palavra “colapso” é tão assustadora, quanto a “colisão” para os personagens do filme que me veio à memória. Falando na língua que o brasileiro entende (ou quer entender), nessa partida já estamos na metade do primeiro tempo e sem grandes perspectivas de virar o jogo. Com estimativas assim, vindo dos próprios responsáveis pela implementação de supostas melhorias na cidade, só nos resta associar tudo isso a filmes apocalípticos.
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