
O lado escuro da Lua
Fugindo dos estereótipos da ficção científica, Lunar é uma agradável surpresa para fãs do gênero
Por Marcos Pereira – JRN7A
marcos_vini2007@yahoo.com.br
No meio de tantos títulos de ficção científica é quase impossível encontrar algum que se diferencie entre filmes com enredos genéricos e sem identidade que são lançados constantemente. Enquanto as salas de cinema se inundam aventuras espaciais recheadas de explosões e efeitos especiais, Lunar (Moon, no título em inglês) percorre o caminho contrário.
Dirigido por Duncan Jones, o filme leva o espectador para uma aventura ao subconsciente de seu personagem, suscitando discussões, ainda que superficiais, acerca dos limites da ciência em oposição à ética.
Sam Bell é um astronauta contratado pela Lunar Industries para trabalhar em uma base de extração mineral na Lua. Sua única companhia é o supercomputador GERTY.
Seu contrato de três anos está prestes a terminar e o astronauta já prepara seu retorno à Terra. Mas algo acontece. Algo que nem Sam esperava. Ele começa a sofrer de alucinações, vendo pessoas que não existem na estação.
Tudo piora quando ele sofre um terrível acidente em uma das coletoras de minério lunar. Após um tempo, encontra com um clone seu. É aqui que o roteiro de Lunar começa a se desenvolver.
A partir desse ponto começam as reflexões sobre os limites da ciência e da natureza humana. Qual o papel da memória na formação da identidade? Somos o que lembramos ou lembramos o que somos? Sacrificar a vida de um ser humano em prol de um trabalho pretensamente honrado é eticamente justificável?
Todas as respostas o Duncan Jones joga para o espectador. Nenhuma delas é respondida, e nem precisa. O trunfo do filme está justamente em não apostar em um final apoteótico e muito menos absurdo. Tudo segue uma cadência lógica, ruma a um final perfeitamente plausível.
Jones cria ótimas cenas que retratam a solidão e a rotina de Sam Bell, como as conversas do astronauta com suas plantas e as mensagens recebidas pela mulher (que guardam uma agradável surpresa, diga-se).
Tudo isso é temperado com a bela e competente atuação de Sam Rockwell, no papel do astronauta e seus clones. É possível perceber as diferenças de personalidade entre um e outro clone.
Kevin Spacey é outro destaque da produção, emprestando sua voz ao robô GERTY. O supercomputador, aliás, é outro ponto alto da trama. A sua participação é extremamente expressiva e faz lembrar outra grande inteligência artificial do cinema, o robô HAL 9000, do clássico 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick.
Lunar é, afinal, uma agradável surpresa para o gênero. Em sua tentativa de soar diferente dos demais lançamentos acerta em todos os pontos. Mesmo que sendo previsível, é criativo e satisfatório.
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CURIOSIDADES:
- O filme faz referência a outros clássicos de ficção científica, como 2001 - Uma Odisséia no Espaço (1968), Solaris (1972), No Mundo de 2020 (1973), Alien, o Oitavo Passageiro (1979), Outland - Comando Titânio (1981), Blade Runner - O Caçador de Andróides.
- O filme não é muito conhecido fora dos circuitos indie e cult, mas, em 2011, Duncan Jones fez sucesso com outra ficção científica: Contra o Tempo (Source Code)
- O diretor, Duncan Jones, é filho do superstar David Bowie.
FICHA TÉCNICA:
Diretor: Duncan Jones
Elenco:Sam Rockwell; Kevin Spacey (voz); Dominique McElligott; Rosie Shaw; Adrienne Shaw; Kaya Scodelario; Benedict Wong; Matt Berry; Malcolm Stewart; Robin Chalk
Roteiro: Duncan Jones e Nathan Parker
Produção: Stuart Fenegan, Alex Francis, Justin Lanchbury, Nicky Moss, Trudie Styler, Julia Valentine
Fotografia: Gary Shaw
Trilha Sonora: Clint Mansell
Duração: 97 min
Ano: 2009
País: Reino Unido
Distribuidora: Sony Pictures
Estúdio: Liberty Films UK
Classificação: 12 anos
SAIBA MAIS:
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Veja a critica do filme no Wired (em inglês)
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Tópico: O lado escuro da Lua
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Questionário
Qual o melhor robô da ficção científica?
HAL 9000 (2001: Uma Odisseia no Espaço) (8)
GERTY (Moon) (6)
Marvin (O Guia do Mochileiro das Galáxias) (9)
Total de votos: 23