O Horizonte Vertical de Lô Borges

23-04-2012 10:22

Guilherme Rezende-JRM7

 

Parece que Lô Borges quis recriar o Clube da Esquina, mas com artistas da nova geração. Mas, não se engane, apenas parece. Com seu novo álbum “Horizonte Vertical”, Lô dá continuidade ao estilo agregador do Clube em parcerias com Fernanda Takai, Samuel Rosa e, claro, Milton Nascimento. São 12 canções. Oito interpretadas com os parceiros acima. Tirando a faixa ‘Você e Eu’, todas as músicas foram compostas com parceiros. Destaque para a escritora e musicista Patrícia Maês, que assina, junto com Lô, quatro faixas. Compõem a lista de parcerias Ronaldo Bastos, Márcio Borges e Nando Reis.

Logo na primeira faixa a música ‘De Mais Ninguém’, - composta com Ronaldo Bastos, a sonoridade é idêntica as canções do Clube da Esquina. Acordes dão base a uma guitarra criativa. O ritmo tem marca das baladas de Lô. A faixa ‘Antes do Sol’, uma das parcerias com Fernanda Takai, pega emprestado o lirismo da voz da cantora. As letras do disco não fogem ao ‘horizonte’ do cantor. Fala-se de amor, amizade e caminhos. Muitos caminhos. Aliás, Lô é o artista que mais caminha.

Samuel Rosa, fã declarado do Clube, canta e empresta sua pegada nas guitarras na canção ‘Nenhum Segredo’. Uma balada dançante que sintetiza muito bem a parceria dos dois. “Minha ideia é só realizar / E saber mostrar a que venho / De saída pra sintonizar / E fazer valer o que eu tenho”, diz a letra da música composta por Lô Borges, Samuel Rosa e Patrícia Maês. Por último, não poderia faltar uma homenagem a Milton Nascimento, principal parceiro de Lô Borges. Para expressas essa admiração a faixa ‘Mantra Bituca’. O apelido de Milton é a palavra mais repetida nesse quase hino a Milton Nascimento.  

Ficha técnica

Arista: Lô Borges

Álbum: Horizonte Vertical

Gravadora: Independente

País – Ano: Brasil / 2011

No caso do novo álbum de Lô Borges, a comparação com as obras do Clube da Esquina é inerente a qualquer análise. Desde o início do movimento, numa famosa esquina do bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, vários artistas se destacaram. Lenine, cantor e compositor pernambucano, em uma entrevista concedida a mim em maio de 2011 no Festival de Inverno de Vespasiano, apontou as características que despertaram a atenção dele no Clube da Esquina e, principalmente, na música de Lô Borges. “No final da década de 60, nós tínhamos ideias, mas faltava aparato técnico para colocá-las em prática. A Jovem Guarda tinha sua importância, mas a composição sonora ainda era simples. De repente, me deparo com o Clube da Esquina e toda a riqueza sonora das músicas. Lembro que quando conheci Lô, fui logo perguntando: cara, como vocês conseguiram?

Lenine se referia basicamente à criatividade dos artistas em gravar suas músicas com os mesmos recursos técnicos dos demais músicos brasileiros, porém, com sons diferenciados. Uma inovação para a época.

Toda a análise sobre obras de Lô Borges carregará o peso da história desse músico e seu DNA cravados no Clube da Esquina. Mesmo com todo esforço de ouvir o novo disco com distanciamento e imparcialidade, é quase inevitável não lembrar-se de uma rua e seus ramalhetes.

Questionário

Qual artista da Clube da Esquina continua mais influente hoje?

Milton Nascimento (8)
24%

Lô Borges (16)
48%

Outros (9)
27%

Total de votos: 33

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