
Cuidado: porque cair na rede pode ser fake
Por Luiz Martini
Quando começou o discurso de globalização e de mundo interligado era difícil se ter uma noção do que seria da humanidade a partir dos passos digitais. Nos dias de hoje dá para prever que o planeta foi além de novidades tecnológicas. O mundo se tornou uma rede social integrada que idolatra programas de interatividade, informação e entretenimento.
Dois fatos recentes mostram a importância de redes como Twitter, Orkut, Facebook e Linkedin na vida da população. Dentro da realidade brasileira, nunca se teve campanha política tão ligada nas ferramentas de redes sociais como as eleições 2010. Vários candidatos procuraram angariar votos e fazer promessas, que também não vão cumprir, e não se contentaram apenas com rádio e TV e usaram o apelo e poder de alcance de mídias mais baratas para trazer mais eleitores para seu espaço digital.
Outro fator que chamou a atenção foi a forma como a polícia chegou ao casal morto em Brumadinho na última semana. Gustavo Lage e Alessandra Paolinelli foram encontrados sem vida em uma pousada de luxo. Até aí, mais uma investigação policial e matérias jornalísticas especulando se foi crime passional, pacto de morte ou envenenamento. Porém, o que chamou atenção se voltarmos as atenções para as ferramentas digitais é que eles foram localizados rapidamente por causa de uma procura pelo Facebook de sua família e do recado de alguma pessoa próxima que sugeriu a pousada como destino dos namorados.
Dentro dessa gama de informações e inserção na vida de qualquer pessoa através das redes sociais fica uma dúvida: qual a dose certa dessa ferramenta na vida de um ser? Seria invasão de privacidade ou ferramenta que facilita o dia-a-dia? É uma questão que gera discussões e pontos de vista completamente diferentes, mas que alerta para o poder de informação e interação que várias pessoas ganharam com a introdução dessas redes.
Nos tempos pré-redes, os veículos de comunicação doutrinavam a informação e a grande massa consumidora era obrigada a receptar tudo que poucos escolhiam para noticiar. Com o advento das redes, sites pessoais e blogs, a massa consumidora ganhou voz e também passou a noticiar. O que era esperado para ser consumido por muitos passou a ser gerado por eles também. Várias opções foram incrementadas nessa relação entre seres e redes e a comunicação e o próprio jornalismo tiveram que passar por diversas alterações e reformulações.
O surgimento das redes sociais agrupou pessoas de gostos e lugares diferentes em locais comuns. Para agradar a esse público empresas de vários segmentos precisaram ajustar e remanejar os espaços de informação e entretenimento para não ficarem paradas no tempo.
Com a criatividade nas redes foi possível ver a transição do Orkut, que agora ganhou novas opções para evitar o “orkutcídio” por causa do surgimento avassalador de Twitter e Facebook. A palavra expressada nas redes também permitiu que o usuário ganhasse condições de solicitar conteúdo personalizado e obrigasse aos veículos a seguir uma linha mais democrática de informação.
Quem pensava em um espaço dentro de um jornal on-line para o leitor enviar sua própria matéria? Em tempos remotos o editor provavelmente seria demitido se permitisse que uma carta fosse publicada com ar de notícia. Os ajustes não são apenas na interatividade com quem acompanha, informa e julga de forma imediata a notícia. Os recursos tecnológicos da era digital, permitiram a inclusão de fotos, vídeos, aúdio e texto em uma mesma informação.
Em muitos casos o leitor que utiliza as ferramentas não perde seu ar de consumidor com a rede, mas ganha o poder de julgar de forma instantânea e prefere ser informado bem objetivamente do que ser ludibriado com informações pobres e cheias de ambiguidades.
O Tsunami no Japão foi mais uma mostra do poder da informação na era digital. Anteriormente a diferença do fuso-horário de doze horas seria uma eternidade para o Brasil ter noção dos fatos ocorridos. Hoje em dia, além de acompanharmos ao vivo uma das maiores tragédias da humanidade, percebemos a quantidade de informações que foram trocadas por meio das redes. Pessoas procurando familiares através dessas ferramentas, jornais usando depoimentos colhidos em redes, e até alertas de novos tremores sendo divulgados por esses meios.
Só que o poder tem os dois lados da moeda. E essa informação que é privilegiada e instantânea também dá poder para o mal. Seguir pessoas de forma intrusiva, difamar alguém, casos de pedofilia, expor fotos indevidas e usar o poder de informar com os fakes que gerar desencontros, atrocidades e malefícios. Portanto, é bom ter cuidado e bom senso em quem vai habitar a sua rede.