Cuidado: porque cair na rede pode ser fake

21-03-2011 21:41

Por Luiz Martini

 

 

Quando começou o discurso de globalização e de mundo interligado era difícil se ter uma noção do que seria da humanidade a partir dos passos digitais. Nos dias de hoje dá para prever que o planeta foi além de novidades tecnológicas. O mundo se tornou uma rede social integrada que idolatra programas de interatividade, informação e entretenimento.

 

Dois fatos recentes mostram a importância de redes como Twitter, Orkut, Facebook e Linkedin na vida da população. Dentro da realidade brasileira, nunca se teve campanha política tão ligada nas ferramentas de redes sociais como as eleições 2010. Vários candidatos procuraram angariar votos e fazer promessas, que também não vão cumprir, e não se contentaram apenas com rádio e TV e usaram o apelo e poder de alcance de mídias mais baratas para trazer mais eleitores para seu espaço digital.

 

Outro fator que chamou a atenção foi a forma como a polícia chegou ao casal morto em Brumadinho na última semana. Gustavo Lage e Alessandra Paolinelli foram encontrados sem vida em uma pousada de luxo. Até aí, mais uma investigação policial e matérias jornalísticas especulando se foi crime passional, pacto de morte ou envenenamento. Porém, o que chamou atenção se voltarmos as atenções para as ferramentas digitais é que eles foram localizados rapidamente por causa de uma procura pelo Facebook de sua família e do recado de alguma pessoa próxima que sugeriu a pousada como destino dos namorados.

 

Dentro dessa gama de informações e inserção na vida de qualquer pessoa através das redes sociais fica uma dúvida: qual a dose certa dessa ferramenta na vida de um ser? Seria invasão de privacidade ou ferramenta que facilita o dia-a-dia? É uma questão que gera discussões e pontos de vista completamente diferentes, mas que alerta para o poder de informação e interação que várias pessoas ganharam com a introdução dessas redes.

 

Nos tempos pré-redes, os veículos de comunicação doutrinavam a informação e a grande massa consumidora era obrigada a receptar tudo que poucos escolhiam para noticiar. Com o advento das redes, sites pessoais e blogs, a massa consumidora ganhou voz e também passou a noticiar. O que era esperado para ser consumido por muitos passou a ser gerado por eles também. Várias opções foram incrementadas nessa relação entre seres e redes e a comunicação e o próprio jornalismo tiveram que passar por diversas alterações e reformulações.

 

O surgimento das redes sociais agrupou pessoas de gostos e lugares diferentes em locais comuns. Para agradar a esse público empresas de vários segmentos precisaram ajustar e remanejar os espaços de informação e entretenimento para não ficarem paradas no tempo.

 

Com a criatividade nas redes foi possível ver a transição do Orkut, que agora ganhou novas opções para evitar o “orkutcídio” por causa do surgimento avassalador de Twitter e Facebook. A palavra expressada nas redes também permitiu que o usuário ganhasse condições de solicitar conteúdo personalizado e obrigasse aos veículos a seguir uma linha mais democrática de informação.

 

Quem pensava em um espaço dentro de um jornal on-line para o leitor enviar sua própria matéria? Em tempos remotos o editor provavelmente seria demitido se permitisse que uma carta fosse publicada com ar de notícia. Os ajustes não são apenas na interatividade com quem acompanha, informa e julga de forma imediata a notícia. Os recursos tecnológicos da era digital, permitiram a inclusão de fotos, vídeos, aúdio e texto em uma mesma informação.

 

Em muitos casos o leitor que utiliza as ferramentas não perde seu ar de consumidor com a rede, mas ganha o poder de julgar de forma instantânea e prefere ser informado bem objetivamente do que ser ludibriado com informações pobres e cheias de ambiguidades.

 

O Tsunami no Japão foi mais uma mostra do poder da informação na era digital. Anteriormente a diferença do fuso-horário de doze horas seria uma eternidade para o Brasil ter noção dos fatos ocorridos. Hoje em dia, além de acompanharmos ao vivo uma das maiores tragédias da humanidade, percebemos a quantidade de informações que foram trocadas por meio das redes. Pessoas procurando familiares através dessas ferramentas, jornais usando depoimentos colhidos em redes, e até alertas de novos tremores sendo divulgados por esses meios.

 

Só que o poder tem os dois lados da moeda. E essa informação que é privilegiada e instantânea também dá poder para o mal. Seguir pessoas de forma intrusiva, difamar alguém, casos de pedofilia, expor fotos indevidas e usar o poder de informar com os fakes que gerar desencontros, atrocidades e malefícios. Portanto, é bom ter cuidado e bom senso em quem vai habitar a sua rede.

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Data: 24-03-2011

De: Lorena

Assunto: Mídias Sociais e Jornalismo

Bom texto e abordagem, Luiz. Parabéns.

Com relação à edição, lembre-se de rever o texto após publicá-lo. É fundamental inserir espaço entre os parágrafos. Também usaremos sempre um bigode, em itálico baixo do seu nome, e um Fórum ao final do texto.

Minha pergunta: como os jornais locais estão utilizando as redes sociais do Twitter e Facebook. Dê exemplos.

Data: 24-03-2011

De: Luiz Martini

Assunto: Re:Mídias Sociais e Jornalismo

Em geral os jornais disponibilizam parte do conteúdo do dia nas redes sociais, mas não adiantam muitos os assuntos, principalmente os que têm mais força no impresso, para não esgotar o assunto do dia seguinte. Os jornais também costumam veicular a mesma coisa no Twitter e no Facebook para poupar tempo. Por exemplo, o Jornal O Tempo, dá destaque às matérias e disponibiliza links para acessá-las. Outra característica é a ênfase de alguns artigos que o jornal propaga no Twitter e Facebook. No caso do Super Notícia, são veiculadas manchetes e pequenos textos dos fatos, mas sem acesso às páginas da internet. O Estado de Minas e o Hoje em Dia seguem uma linha parecida com a do O Tempo e dá destaque e acesso a fatos que saíram em seu portal e que circularam em suas páginas. Outro ponto relevante é o programa divulgado na emissora BH NEWS, que tem como apresentador o jornalista Daniel Seabra. ELe tem um programa chamado Rede Social Esporte Clube com interatividade pelas redes sociais e às vezes até relação direta de comentários do apresentador com os convidados virtuais, sem nenhum convidado no estúdio.

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