Amor que nem a suástica esmaece

17-10-2011 19:44

Como Liliana Cavani construiu uma das histórias de amor mais conturbadas do cinema italiano

 

Por William Alves- JRN7A

williamalvesmonteirojunior@gmail.com

 

 

Trinta anos após o término da Segunda Guerra, a judia Lucia Atherton reencontra Maximilian Theo Aldorfer, seu carcereiro e amante.

 

Agora, ela é esposa de um respeitável maestro, enquanto ele é um humilde porteiro em Viena. No entanto, o reencontro reacende o magnetismo
entre ambos.

 

Atribuição difícil apreciar ou abominar O Porteiro da Noite de imediato. Mérito da diretora Liliane Cavani, que produziu uma obra que impressiona mesmo depois da exibição inicial, em 1974.

 

Essa impossibilidade de avaliação repentina não se dá apenas pelo clima de proibição moral que paira sobre o filme. Afinal, Steven Spielberg também fez um filme sobre um fascista gente boa - "A Lista de Schindler" - e ninguém nunca se doeu muito por isso.

 

Há um outro aspecto do longa-metragem de Cavani que persiste, algo que supera  a sugestão de obscenidade.

 

E esse aspecto é representado justamente pela única cena digna de celeuma: Lucia, personagem de Rampling, com os seios desnudos, dança e
rodopia entre os soldados alemães, ao som de uma canção lenta.

 

Tão desinibida que o campo de concentração parece pertencer a ela mesma.

 

Construído a partir de flashbacks, O Porteiro da Noite esmiúça uma relacionamento que nasce na degradação e se escora nela.

 

Max, amante vil que esbofeteia repetidas vezes a parceira, é o mesmo Max que utiliza o termo “minha garotinha” para se referir a ela. Lucia conseguiu superar os horrores da Guerra, como denuncia o porte altivo.

 

Max, no entanto, ainda se enxerga como monstro, ao se esconder em um paupérrimo cargo em um hotel austríaco. “Um rato de igreja”, como ele mesmo define.

 

Cavani não se interessa pelo apelo clássico da vendetta, a clássica história cinematográfica de vingança. Ela está interessada mesmo é no amor desenfreado. Por mais ambíguo, masoquista e desgraçado que seja.

 

Ouça a crítica em podcast

 

CURIOSIDADES:

 

- A música-tema é "Il Portiere di Notte", de Daniele Paris.

- Este é o 2º filme em que Dirk Bogarde e Charlotte Rampling atuaram juntos. O anterior foi "Os Deuses Malditos" (1969).

- Segundo Rampling, a primeira cena filmada de "O Porteiro da Noite" foi a que ela dança e rodopia trajando um quepe nazista.
- Mia Farrow foi considerada para o papel de Lucia.

 

FICHA TÉCNICA:

 

Diretor: Liliana Cavani

Elenco: Dirk Bogarde, Charlotte Rampling, Isa Miranda, Amedeo Amodio

Produção: Esa De Simone, Robert Gordon Edwards

Roteiro: Liliana Cavani

Trilha sonora: Daniele Paris

Duração: 117 minutos
Ano: 1973
País: Itália

Gênero: Drama

Cor: Colorido

Distribuidora: Criterion Collection

Estúdio: Lotar Film Productions

Classificação: 18 anos

Idioma: inglês 

SAIBA MAIS:

- Página do filme no IMDB
 

LEIA TAMBÉM:

-  Crítica de Roger Ebert, do Chicago Sun Times 

 

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